Comentários de Marcel Feraud na apresentação do documentário "O caso Ardiles. Abuso de direitos humanos em Santiago del Estero, Argentina".

Marcel Feraud

Por: Marcel Feraud - 02/05/2025


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Muito obrigado por se juntar a nós nesta noite importante enquanto exibimos o documentário: "O Caso Ardiles. Abuso de Direitos Humanos em Santiago del Estero, Argentina".

É importante mostrar este documentário porque quando ocorre uma violação dos direitos humanos, não importa onde ou contra quem, isso deve soar um alarme no sistema de justiça, mas principalmente na sociedade. Isto não só porque qualquer um de nós pode ser a próxima vítima, mas porque se a sociedade não tiver senso de solidariedade, ela estará fadada ao fracasso.

E no caso Ardiles, esse dilema é ainda mais sério, pois o abuso ocorre sob um manto de legalidade, de forma dissimulada, quando Federico López Alzogaray, o mais alto magistrado da província, processa Manuel Ascencio Ardiles, um fazendeiro local com poucos bens e educação, conseguindo desapropriar-lhe sua propriedade. Este é um crime agravado, dada a posição de López Alzogaray como a mais alta autoridade no sistema de justiça da província de Santiago del Estero.

O estuprador infame não tem o direito de tomar a ação movida. É uma alegação completamente infundada em lei.

Ardiles, por outro lado, apresenta todos os direitos. Seu pai havia adquirido a terra há mais de 100 anos por meio de prescrição aquisitiva de propriedade, a chamada usucapião do direito romano, uma das instituições jurídicas mais antigas do direito civil. Além disso, Ardiles nasceu na propriedade e viveu toda a sua vida, mais de 60 anos nela, como senhor e proprietário.

Sabemos que na Argentina existem províncias com sistemas feudais. Santiago del Estero é uma dessas províncias onde o poder, o crime e o controle extremo dos cidadãos fazem parte da vida cotidiana.

Sabemos também que o caso Ardiles não é um caso isolado. Pelo contrário, é um modus operandi de grilagem de terras e, portanto, de enriquecimento ilícito, em conluio com o sistema de justiça e o governo provincial.

O Instituto Interamericano para a Democracia decidiu levar o caso adiante com toda a extensão possível, seja sob a legislação interna argentina ou internacional, até que a família Ardiles encontre justiça.

EM DORAL, FLÓRIDA.

30 DE ABRIL DE 2025


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