
Por: Luis Gonzales Posada - 22/10/2025
O que acontece na Bolívia, país com o qual compartilhamos uma fronteira comum de 1.047 quilômetros, é muito importante para o Peru.
Uma fronteira complicada, com segurança limitada, por onde passam mercadorias contrabandeadas, veículos roubados, drogas, combustível e ouro.
Uma reportagem da Latina TV, revelou que a cidade de Virupaya, localizada a 215 quilômetros de La Paz e perto do Lago Titicaca, é o eixo ou ponto crítico do comércio ilegal, mas também existem outras 23 passagens escondidas.
No entanto, o maior problema são as relações bilaterais, que foram severamente afetadas por Evo Morales, uma figura sinistra que interfere nos assuntos peruanos.
Seu ativismo tem sido constante, especialmente durante o governo caótico de Pedro Castillo, quando chegou a percorrer o sul do país exigindo uma Assembleia Constituinte, o cultivo livre de folhas de coca e a expulsão da DEA, a agência antidrogas dos EUA.
Mas ele também promoveu a criação da "Nação Aymara" ou "RunaSur", unindo os habitantes desse grupo étnico boliviano com o sul do Peru, o noroeste da Argentina e o norte do Chile, que juntos abrigam 2 milhões de aimarás, de uma população total de 114 milhões; ou seja, apenas 1,7% do total.
Morales também faz parte do chamado "socialismo do século XXI", um bloco de esquerda que inclui as ditaduras da Venezuela, Nicarágua e Cuba.
Seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), governa há 20 anos, sob a liderança do líder cocaleiro e atual presidente Luis Arce. Na última eleição, obteve 3% dos votos, um deputado em 130 e nenhum senador em 36 deputados.
Foi uma verdadeira catástrofe política, consequência do desastre econômico. O déficit fiscal, de fato, ultrapassa 10% do PIB; eles estão em recessão, sem gasolina, e longas filas de veículos nos postos de gasolina têm que esperar até cinco horas para abastecer.
Há escassez de dólares e, consequentemente, escassez de medicamentos, alimentos e matérias-primas para suas indústrias. Eles também têm o menor PIB do hemisfério, estimado em 45 bilhões de dólares (no Peru, é de 275 bilhões de dólares).
Esse é o pesado legado herdado pelo presidente eleito, o democrata-cristão Rodrigo Paz Pereira, filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora. Para alguns, a mudança será apenas superficial, pois a narrativa é semelhante, impulsionada pelo próprio Evo, que assume o papel de supervisor do novo regime, ameaçando sabotá-lo caso discorde de sua posição política.
Paz, no entanto, fez a diferença com uma mensagem clara e forte de política externa: ele não convidará os governos ditatoriais de Cuba, Venezuela e Nicarágua para a cerimônia de posse, marcada para 8 de novembro. Ele também afirmou que manterá um relacionamento de primeira classe com os Estados Unidos, um anúncio que deve ter enfurecido o MAS.
Nesse contexto, Paz chama Evo de "traidor da pátria", lembrando que, em 2008, seu país exportou US$ 500 milhões da cidade de El Alto para o mercado americano e gerou 40.000 empregos, mas, durante o mandato do líder cocaleiro, esses números caíram para US$ 3 milhões e mil empregos. Ele também afirmou que outro legado do regime do MAS é a fuga de capitais, estimada em US$ 60 bilhões, e mais US$ 40 bilhões em dívida interna e externa, visto que as reservas internacionais foram reduzidas de US$ 15 bilhões para um décimo desse valor.
Escondido em Chapare para fugir de uma ordem judicial de prisão por estupro de menor,
Morales sempre será um fator de desestabilização antidemocrática, uma ameaça ao regime, embora o novo chefe de Estado tenha dito que agirá firmemente contra qualquer golpe que perpetrar.
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