Por: Luis Gonzales Posada - 11/07/2025
A Associação Nicaraguense de Direitos Humanos denunciou o assassinato (com oito tiros) do major aposentado do Exército Roberto Samcam, opositor do governo de Daniel Ortega. Samcam sobreviveu como refugiado na Costa Rica por sete anos, na esperança de evitar ser sequestrado, preso ou morto pela polícia sandinista.
Samcam é autor do livro "Ortega, o calvário da Nicarágua", que revela o envolvimento de altos líderes militares no assassinato de 300 pessoas durante os protestos de 2018 contra a reforma da lei da previdência social e, de forma mais ampla, contra a repressão do regime.
Neste contexto, lembremos que em 2022, 61 nicaraguenses residentes na Costa Rica foram mortos e, em 2024, cerca de 135 pessoas foram executadas por pistoleiros ou esquadrões da morte enviados pelo governo Ortega, de acordo com a Agência de Investigação Judicial de San José (OIJ).
Por isso, em seu último relatório, o Grupo de Peritos das Nações Unidas alerta contra essa forma de "repressão extraterritorial".
Por outro lado, a ONG humanitária "Colectivo Nicarágua Nunca Mais" aponta que o êxodo nicaraguense chega a 800.000 pessoas, número que representa 11,8% da população daquele pequeno país de 6,8 milhões de habitantes.
Da mesma forma, os últimos dados fornecidos pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) elevam o número de requerentes que buscam realocação em países terceiros para 440.280, principalmente para os Estados Unidos e a Costa Rica.
Sem dúvida, esses números projetam uma situação catastrófica, que está se agravando porque os dissidentes agora estão sendo reprimidos no exterior porque Ortega financia esquadrões da morte para localizá-los e atentar contra suas vidas, a tal ponto que o ex-chefe do Serviço Nacional de Inteligência e Segurança da Costa Rica, Edmundo Trejos, admitiu que nos últimos 7 anos detectaram inúmeros "operadores políticos" sandinistas em seu país.
Esses eventos não são surpreendentes, considerando a natureza totalitária de um governo que não hesita em sequestrar, revogar a nacionalidade e deportar padres, confiscar mosteiros, fechar meios de comunicação ou matar opositores.
É chocante, no entanto, que esses atos bárbaros não tenham recebido atenção da OEA, assim como do governo corrupto e repressivo venezuelano, responsável por múltiplos crimes e pelo êxodo de 8,3 milhões de seres humanos, 1,7 milhão deles para o Peru.
Além disso, para se protegerem, Ortega e Putin acabaram de assinar um pacto de "proteção recíproca contra a justiça internacional".
Diante dessas evidências, o vice-secretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, declarou na recente Assembleia Geral da OEA que Washington está considerando deixar a organização hemisférica devido à "sua incapacidade de abordar questões substantivas, como as crises na Venezuela e no Haiti".
Como explicar a ineficácia de uma instituição que tem um orçamento de US$ 100 milhões por ano e mantém escritórios de representação em 33 estados, que por sua vez gastam uma quantia semelhante ou maior para manter escritórios e diplomatas?
Não seria mais ético emitir uma certidão de óbito para o inoperante sistema interamericano em vez de desperdiçar recursos tentando oxigenar um cadáver insepulto, recursos que alimentam uma burocracia indolente?
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