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Hugo Marcelo Balderrama

Por: Hugo Marcelo Balderrama - 24/08/2025

Colunista convidado.
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As recentes eleições na Bolívia deixaram uma coisa clara: os candidatos não entendem os elementos que nos tornariam um país civilizado.

O espetáculo eleitoral encenado pelos políticos bolivianos, que se assemelha a uma festa popular, começa com a escolha de um candidato "caridoso"; prossegue com uma retórica de vitimismo; prossegue com ofertas irreais, como bônus até mesmo para respirar, e termina culpando os outros por todos os males. Esse tipo de filme repetitivo, de uma monotonia alarmante, seria hilário se não fosse uma cena dramática, um cenário digno de Woody Allen, uma tragicomédia. Pouquíssimas pessoas escapam de uma situação muitas vezes bem-intencionada. Infelizmente, a opinião pública se torna parte desse circo, pois anos de educação precária e doutrinação arrastaram as grandes massas para o abismo do estatismo.

Mas aqui a pergunta é válida: que coisas devem ser debatidas?

Primeiro, o sistema de aposentadoria. Não é preciso ser atuário ou especialista em matemática financeira para saber que a ditadura boliviana nos deixou sem aposentadoria. As explicações para as rendas miseráveis ​​dos aposentados são quase ridículas. Deixe-me contar uma: na Bolívia, as pessoas vivem quase 120 anos.

Em segundo lugar, os salários não são aumentados por decreto, porque, se fossem, uma ordem governamental bastaria para nos tornar milionários. Salários e rendas reais derivam exclusivamente de taxas de capitalização, ou seja, de investimentos em máquinas, ferramentas, tecnologias, equipamentos e conhecimento relevante que apoiam logisticamente a mão de obra a aumentar seu desempenho. Queremos melhores rendas? Simples: precisamos de mais capitalistas e menos sindicatos.

Terceiro, tirar a capacidade do Estado de manipular a moeda. Daí minha insistência persistente em dolarizar a Bolívia. Não é apenas uma questão monetária; é algo muito maior: trata-se de impedir que o governo nos roube com inflação.

Em quarto lugar, minimizar os gastos estatais com publicidade, pois isso só transformou a mídia em uma viciada em publicidade oficial. Além disso, isso coloca em risco a liberdade de expressão.

Quinto, fechar todas as empresas estatais, mas não exclusivamente para reduzir o déficit fiscal, o que é muito importante, mas porque toda empresa estatal, independentemente do seu setor, é imoral, visto que é coercivamente financiada com recursos de terceiros. Em outras palavras, é como se eu pegasse as economias do meu vizinho para jogar no cassino. E romantizar grandes elefantes brancos como a COMIBOL não ajuda aqui, porque, basicamente, eram entidades, primeiro, deficitárias e, segundo, imorais.

Sexto, serei mais radical aqui: fechar as alfândegas, porque tarifas não protegem a indústria nacional, mas encarecem os produtos importados, tornando-os inacessíveis aos consumidores locais. Tarifas são ruins, ponto final.

Sétimo, precisamos modificar o sistema educacional, mas uma reforma profunda que priorize três coisas: 1) educação financeira, 2) educação cívica e 3) ciência e tecnologia. Chega de repetir as eternas histórias de uma Bolívia rica por seus recursos naturais, ou de um país rico habitado por cidadãos pobres. As gerações futuras precisam entender algo vital: a liberdade é a verdadeira riqueza das nações.

Oitavo, implementar a concorrência tributária entre os departamentos. Cada região deve ser capaz de administrar sua arrecadação tributária. É hora de acabar com a ideia de que o progresso depende da alocação de recursos por um estado para as províncias e municípios. Sem um governo central distribuindo dinheiro, os departamentos mais atrasados, como Chuquisaca, para citar um exemplo, teriam dificuldade em ter uma política tributária que garantisse o maior volume de investimento e capital. Nesse sistema, ninguém deve nada a ninguém.


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