Por: Pedro Corzo - 14/05/2025
Colunista convidado.Embora a semana que acaba de terminar nos tenha colocado frente a frente com uma dura realidade; talvez uma que, sabendo que estava presente, não gostaríamos de ter vivido. Refiro-me ao assassinato atroz e perverso de 13 mineiros que foram martirizados no que foi um massacre que nos deixou, acredito que a todos nós, com a ideia de que não há formas reais e legais de controle, vigilância e proteção. E, por outro lado, a confirmação flagrante de que organizações criminosas estão tomando controle de muitos aspectos da nossa vida social.
O caso Pataz destacou o aumento da mineração ilegal, suas consequências terríveis e a fraca ação do governo, sem mencionar a fraqueza do Congresso em emitir regulamentações efetivas e fazer cumprir sua execução. A reação imediata, para além do horror e do medo, levou a população à necessária interpelação do Presidente do Conselho de Ministros; Ainda que esta possa ser uma ação política necessária, vale ressaltar que de forma alguma esta interpelação e a perda de confiança em todo um gabinete (que, aliás, parece ser merecida pela maioria de seus membros) atenuam a crise mineradora e o crescimento da mineração ilegal, com consequências como as vivenciadas: perda de vidas humanas e graves danos à economia do país, além da diminuição da boa imagem do Peru no mundo e da contração da vontade de investir em nosso meio ambiente.
A isto somam-se decisões completamente inapropriadas, como a tomada, neste difícil contexto, a partir do Palácio do Governo, solicitando um aumento do salário mensal do presidente. Poucos atos poderiam ser mais inoportunos e desnecessários do que este, juntamente com a exigência de que as empresas de mineração sejam forçadas a parar, "arcando o peso" das ações terroristas e abandonando as empresas de mineração formais que investem, assumem riscos e pagam impostos significativos, merecendo respeito, apoio e suporte do governo.
Não se pode ignorar que se trata de atos terroristas dos quais o Peru já teve uma triste experiência, mas que aprendeu, com considerável sucesso, a executá-los e a tentar derrotar esse flagelo. Esse conhecimento adquirido deve ser recuperado com liderança e coragem. Se o presidente não puder fazê-lo e o ministro Adrianzén for censurado, deverá ser eleito um presidente do Conselho de Ministros que imponha respeito e atue com severa diligência no estrito cumprimento da lei, o que exige, antes de tudo, defender os interesses do Estado, como se estivéssemos em uma guerra não declarada, e proteger seus cidadãos. É essencial deter a disseminação de um terrorismo que não ousamos chamar assim, agindo com a máxima severidade, apoiando as forças de segurança para que possam agir com a vantagem que merecem contra os inimigos do Peru e para o futuro. Além disso, será necessário rever o Reinfo, fazendo-o com serenidade e prudência, pois não é o momento de gerar mais incertezas nem de os justos pagarem pelos pecadores.
E, nesse contexto crítico, o mundo viu, da Praça de São Pedro, em Roma, uma mensagem de amor puro e sincero pelo Peru, nas palavras do recém-eleito Papa Leão XIV, que em sua primeira aparição pública, da sacada principal daquela imponente basílica e diante de milhares de assistentes e bilhões de pessoas que o assistiam ao redor do mundo, conteve sua emoção quase ao limite e demonstrou, apesar dela, serenidade, força e temperança.
Vale ressaltar a importância de todos os gestos porque, no Vaticano, os detalhes dizem mais que as próprias palavras e o fato de ter escolhido continuar a saga de Leão XIII implica necessariamente, na minha perspectiva, que poder agradecer a Francisco, quase como em um mero gesto, não se junta nem eleva seu legado e que se escolhe, antes, retornar às origens da Doutrina Social da Igreja, contida na encíclica extraordinária Rerum Novarum e, ao mesmo tempo, propor uma vida ativa na oração, recordando que ele foi eleito no dia em que a Igreja recorda São Miguel Arcanjo e que foi o Papa Leão XIII quem, em sua angústia pela situação da Igreja, compôs aquela bela oração de súplica ao Arcanjo que, hoje como então, devemos repetir.
O Peru se sente abençoado pela proximidade deste Pontífice, que nos conhece, fala como um peruano e se sente um de nós. Que o seu seja um tempo de ventos favoráveis que guiem o barco da Igreja por caminhos de harmonia, respeitando a doutrina, única de Cristo, e preservando o "depósito da fé" como o tesouro que é.
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