
Por: Pedro Corzo - 30/10/2025
Colunista convidado.As prisões do sistema penal cubano têm instruções claras para tornar a vida o mais difícil possível para os detentos. E todos os agentes penitenciários que atuam nessas instalações devem estar preparados para os atos de crueldade mais extremos; entre eles, obrigar os condenados a suportar turnos de trabalho cruéis e desumanos.
Este é um tema abordado em um relatório recente da ONG Defensores dos Prisioneiros, uma entidade sediada na Espanha que realiza a difícil tarefa de nos manter informados sobre a prisão política em Cuba; sem esquecer os inúmeros prisioneiros de outras categorias que existem na ilha devido às injustiças inerentes ao totalitarismo de Castro.
O relatório em questão refere-se à “situação alarmante do trabalho forçado nos centros penitenciários cubanos, revelando e demonstrando, sem deixar margem para dúvidas, a situação dolorosa e criminosa do trabalho forçado exercido pelo Estado, para fins econômicos e punitivos, sobre um total de 60.000 dos 90.000 presos e 37.458 pessoas em regime semiaberto no país.
O documento detalha que “as leis em Cuba protegem descaradamente e explicitamente o trabalho forçado de prisioneiros e condenados. A produção de carvão, o trabalho agrícola, o cultivo de tabaco ou o corte de cana-de-açúcar sob as condições mais desumanas de escravidão, e a produção obtida com esse trabalho, destinam-se inteiramente à exportação, principalmente para países europeus como, nesta ordem, Espanha, Portugal, Itália, Grécia e Turquia.”
O documento confirma também a cumplicidade histórica da Europa democrática com a ditadura cubana, uma relação incompreensível que só pode ser justificada pelas aspirações comunistas ou fascistas de alguns líderes do velho continente que, através da União Europeia, subsidiam a ditadura na ilha, como a Assembleia da Resistência Cubana já denunciou em numerosas ocasiões.
A leitura do valioso relatório do Prisoner Defender inevitavelmente leva ao Presídio Modelo na Ilha dos Pinheiros, uma prisão onde o trabalho forçado atingiu um nível de miséria comparável aos campos de trabalho dos gulags soviéticos e chineses, muito semelhante aos campos de concentração nazistas.
A prisão masculina da Ilha dos Pinheiros foi, em termos de trabalho forçado, um centro de experimentação que fracassou em seu objetivo. A resistência constante dos prisioneiros e o heroísmo daqueles que se opuseram ao Plano de Trabalho Camilo Cienfuegos fizeram com que a tirania compreendesse a necessidade de fechar esse bastião de resistência para alcançar o controle desejado, como afirmou o ex-preso político Ramiro Gómez Barruecos em uma de suas palestras.
Nos planos sinistros de trabalho escravo, como o Plano Morejón, vivenciado, entre outros, pelo falecido Francisco “Paco” Talavera, e o Plano Camilo Cienfuegos, descrito em um excelente artigo de outro ex-preso político, Roberto Jiménez, pode-se apreciar a maldade do castrismo, pois às incontáveis horas de trabalho devem-se somar os assassinatos, as mutilações e a demência de inúmeros prisioneiros que apenas cumpriam o dever de amar a pátria.
As sentenças proferidas pelo sistema prisional do regime de Castro são muito peculiares; uma delas é a confiscação dos bens do condenado, incluindo residências, quando ambos os cônjuges são sentenciados. Isso sempre cria uma situação desesperadora para o casal ao sair da prisão sem ter onde morar, devido à crônica escassez de moradias no país. Além disso, o sistema garante que o preso cumpra sua pena o mais longe possível da família, em um país onde o transporte é extremamente difícil.
No entanto, é o trabalho forçado, em condições desumanas, que constitui a punição mais cruel. Longas e exaustivas jornadas de trabalho, sob vigilância constante e sujeitas a abusos e maus-tratos, seguidas do inevitável retorno à solidão da prisão, cujo único consolo é a expectativa de visitas familiares, que podem ser suspensas ao bel-prazer de um guarda descontente. Essas são as normas de vida de um prisioneiro em Cuba, seja ele um prisioneiro político ou um criminoso comum.
Ao trabalho forçado deve-se acrescentar a fome, que é muito menos dolorosa do que a superlotação, a falta de cuidados médicos ou a privação de água. Mas tudo isso é superado pelo conhecimento dos maus-tratos e abusos sofridos pela família, a coisa mais devastadora que um prisioneiro suporta.
As opiniões aqui publicadas são de inteira responsabilidade de seus autores.