Por: Hugo Marcelo Balderrama - 14/07/2024
Colunista convidado.Em 26 de junho, a ditadura boliviana encenou uma farsa que tentou fazer passar por um golpe de Estado. É do conhecimento geral que ninguém, exceto os militantes do Masismo, acreditou na cena de Arce Catacora confrontando o General Zúñiga, pois era evidente que tudo era uma teatralização de baixíssima qualidade.
Contudo, com excepção da Argentina, os governos da região e vários outros em todo o mundo deram o seu apoio à “Democracia Boliviana”. No entanto, aqui está uma pergunta:
Por que uma farsa digna do gênero do cinema absurdo tem tanto eco, mas não repercute tanto, por exemplo, com as prisões arbitrárias e encarceramentos de ativistas e opositores políticos?
Porque os militantes do Socialismo do Século XXI não estão exclusivamente unidos pelas suas narrativas, entre elas, a propagação da propaganda russa e chinesa, mas devem incluir também uma complexa rede de geradores de conteúdos, governos, políticos, jornalistas e até personalidades, Maradona, para citar Um caso. A lógica de funcionamento é a mesma de uma corporação transnacional. Portanto, não nos deveria surpreender que, tal como o apoio a Luis Arce Catacora, o ataque a Javier Milei e às suas reformas tenha sido realizado quase simultaneamente e até na mesma linguagem.
A este respeito, em seu livro: A Galáxia Rosa, Sebastián Grundberger afirma o seguinte:
Já no dia 24 de outubro, logo após o primeiro turno das eleições presidenciais, o Foro de São Paulo comemorou o primeiro lugar do candidato peronista Sergio Massa com os dizeres “A democracia foi para o segundo turno”. Desta forma, as convicções democráticas do candidato da oposição Javier Milei foram implicitamente questionadas. A Internacional Progressista também alertou em comunicado publicado antes do segundo turno que havia uma “ameaça existencial de Javier Milei à democracia argentina”.
O objectivo é muito claro: apresentar os governos não alinhados com eles como ameaças à segurança, à liberdade e à democracia.
Obviamente, tal nível de coordenação requer algo que o comum dos mortais obtém com muito esforço: dinheiro. Foram identificadas duas formas de financiamento: a) legal eb) a economia do crime.
Particularmente lucrativo é o acesso aos fundos de desenvolvimento da Europa. Na verdade, a CLACSO, usando o argumento de uma suposta “dívida histórica”, obtém enormes quantias de dinheiro da SIDA sueca. Para os actores do Socialismo do Século XXI, esta sociedade não traz benefícios exclusivamente pecuniários, mas também lhes permite dar a si próprios uma aparência internacional de legitimidade e respeitabilidade que não corresponde à sua verdadeira identidade, a de bandidos perigosos.
Há ótimas informações sobre as relações de Evo Morales, Gustavo Petro, Rafael Correa e Andrés Manuel López Obrador e o tráfico de drogas em seus países. Por exemplo, Correa está a ser investigado por ter recebido ilegalmente dinheiro da guerrilha colombiana FARC para a sua campanha eleitoral. Igualmente conhecido é o envolvimento de altos funcionários bolivianos no tráfico de drogas durante a administração presidencial do cocaleiro Morales, sendo o caso mais recente o Coronel de Polícia Maximiliano Dávila.
Estudos importantes, por exemplo, o Latinobarómetro, indicam que duas décadas de hegemonia do socialismo do século XXI causaram uma erosão significativa na democracia regional.
Por sua vez, o Índice de Risco Político Latino-Americano, na sua versão 2023, identifica que o crime organizado, a corrupção, o descontentamento democrático e a governabilidade sob pressão são factores que não permitem que as economias regionais recuperem da crise provocada pela COVID. Pior ainda, planejar um futuro para as novas gerações.
A América Latina tem esperança?
É algo, neste momento, muito difícil de afirmar.
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