Por: Carlos Sánchez Berzaín - 06/07/2025
O Brasil, gigante latino-americano e oitava maior economia do mundo, que tem institucionalmente perseguido uma política externa que favorece seus interesses nacionais, foi posicionado por Luiz Inácio Lula da Silva como parte dos regimes que sustentam ditaduras, justificam violações de direitos humanos e atentados à paz, apoiam o terrorismo e descumprem suas obrigações internacionais. O Brasil está passando de líder latino-americano a vassalo de ditaduras.
Os princípios das relações internacionais do Brasil estão estabelecidos pelo artigo 4º de sua Constituição, que dispõe: “A República Federativa do Brasil rege-se, em suas relações internacionais, pelos seguintes princípios: I.- independência nacional; II.- prevalência dos direitos humanos; III.- autodeterminação dos povos; IV.- não intervenção; V.- igualdade entre os Estados; VI.- defesa da paz; VII.- solução pacífica de conflitos; VIII.- repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX.- cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X.- concessão de asilo político.”
Por esse mandato constitucional, o Itamaratí era uma instituição democrática com uma visão nacional até a chegada de Lula à Presidência. A destruição da política externa brasileira para transformá-la em parte do socialismo do século XXI liderado pela ditadura cubana começou durante sua presidência, de 2003 a 2010, e viola a Constituição brasileira.
A jornada de Lula da prisão até sua terceira presidência, iniciada em 1º de janeiro de 2023, parece marcar sua radicalização e absoluta irresponsabilidade na política externa e interna que impôs ao Brasil. Seu apoio aberto à ditadura cubana e às ditaduras satélites na Venezuela, Nicarágua e Bolívia, seu apoio a organizações multilaterais criadas para enfraquecer o sistema democrático e internacional, suas posições em relação às ditaduras da China, Rússia e Irã e sua exacerbação da narrativa anti-imperialista apontam para ele como um extremista radicalizado.
Vale reiterar que Lula é o único fundador vivo do socialismo do século XXI que organizou com Hugo Chávez e Fidel Castro. Desde janeiro de 2023, reabriu "relações plenas" com as ditaduras de Cuba, Venezuela e Nicarágua; em maio de 2023, recebeu o ditador Maduro para reabilitá-lo na Cúpula de Presidentes Sul-Americanos que ele mesmo organizou; em julho de 2023, promoveu a Cúpula União Europeia-CELAC em apoio às ditaduras; em 2024, viajou à Bolívia para "fortalecer" o regime; defende o "direito" dos BRICS de substituir o dólar como moeda de referência, e muito mais.
A política externa de Lula levou o Brasil a apoiar a Rússia na invasão da Ucrânia, demonstrando seu apoio incondicional à Rússia com sua visita às comemorações do 80º aniversário do chamado Dia da Vitória sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. Ao defender Israel contra o terrorismo e o conflito em Gaza, ele apoia abertamente a posição terrorista, abraçando a narrativa anti-Israel mais radical.
Lula fez quatro visitas de Estado à China e, desde maio deste ano, destacou a ampliação da parceria do Brasil com a China, assinando 20 acordos e adotando 17 acordos de cooperação em diversas áreas, buscando "fixar" o Brasil pelos próximos 50 anos.
Como chefe de relações internacionais do Brasil, ele apoia a ditadura iraniana em nome de seu país. Na Cúpula do G-7 no Canadá, ele condenou, sem hesitar, o ataque de Israel ao Irã "sem criticar de forma alguma o regime iraniano, em claro contraste com o comunicado final do grupo". Como anfitrião da reunião dos Brics no Rio de Janeiro, ele recentemente promoveu "o apoio ao Irã e à Rússia e as críticas às tarifas americanas", mas "nunca condenou os bombardeios russos contra civis na Ucrânia".
Nas Américas, apoia a ditadura cubana expandindo a "cooperação bilateral", que inclui o restabelecimento do sistema de médicos e pessoal escravocrata que, por meio de diversos sofismas, gera milhões de dólares para sustentar a violação dos direitos humanos contra o povo cubano. Apoiou a usurpação das eleições de 28 de julho de 2024 pela ditadura de Castro-Chávez de Maduro na Venezuela e a prática de terrorismo de Estado e crimes contra a humanidade. Usou o poder diplomático do Brasil na OEA para proteger a ditadura nicaraguense.
O Brasil, devido à sua importância econômica, geopolítica e tecnológica, é, sem dúvida, o principal país "paraditatorial" das Américas atualmente. Um país democrático controlado por um governo que deve sua criação ao sistema de ditaduras do crime organizado transnacional do socialismo do século XXI e que serve para sustentar e garantir a impunidade das ditaduras de Cuba, Venezuela, Nicarágua e Bolívia.
No contexto global, Lula colocou o Brasil entre as ditaduras que atacam as democracias, submetendo a antiga política externa brasileira à condição de vassala de interesses antidemocráticos que violam a paz e a segurança internacionais.
*Advogado e Cientista Político. Diretor do Instituto Interamericano para a Democracia
Publicado em infobae.com no domingo, 6 de julho de 2025
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