Se o crime organizado continuar a controlar governos e estados, não haverá futuro para a democracia.

Carlos Sánchez Berzaín

Por: Carlos Sánchez Berzaín - 08/09/2025


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Substituir a política pelo crime, o serviço público pela opressão e o Estado de Direito pelo terrorismo de Estado são apenas parte da expansão que a ditadura cubana, disfarçada de socialismo do século XXI, implementou para oprimir os povos das Américas, com evidências sangrentas em Cuba, Venezuela, Nicarágua e Bolívia. A realidade objetiva prova que o crime organizado controla governos e Estados, protegendo seus crimes com imunidades e privilégios que falsificam e destroem a democracia.

Os regimes de Cuba, Venezuela, Nicarágua e Bolívia são narcoestados, ou seja, países onde "as instituições políticas são influenciadas pelo poder e pela riqueza do narcotráfico, cujos líderes ocupam simultaneamente cargos de funcionários governamentais e membros de redes ilegais de tráfico de drogas, protegidos por seus poderes legais".

Para manter seu poder indefinidamente e com impunidade, esses regimes institucionalizaram um sistema de "terrorismo de Estado", cometendo diariamente crimes contra a humanidade e violações atrozes dos direitos humanos. Esses crimes resultam em perseguição, prisão, exílio político e um estado generalizado de indefesa entre a população, que eles submetem ao medo.

Até recentemente e ao longo deste século, os sistemas internacional e interamericano têm sido ineficientes, falhando em cumprir com suas obrigações e tolerando e coexistindo com o crime organizado, que, por meio de narrativas populistas, tomou e manteve o poder para expandir seu sistema de "guerra híbrida" contra as democracias das Américas.

O narcotráfico e o terrorismo como armas contra a democracia não são novidade. Sua formulação pública e sustentada remonta ao início da década de 1960, quando o ditador Fidel Castro convocou "inundar os Estados Unidos com drogas" como parte de seu arsenal revolucionário anti-imperialista, ao mesmo tempo em que promovia e organizava praticamente todos os grupos guerrilheiros da região.

O crescimento do tráfico de drogas, sob o pretexto de culpar as vítimas pelo crime, alegando que os países consumidores são responsáveis ​​e que, enquanto houver mercado, haverá produção, é apenas uma prova pública do nível de influência e penetração que o crime alcançou nos níveis político, empresarial, acadêmico e econômico. A crescente prevalência do uso de drogas em países produtores e em países em desenvolvimento demonstra a falsidade desse argumento. As drogas prejudicam e matam jovens e adultos nas Américas e em todo o mundo, independentemente de ideologia, raça ou posição.

A mudança na política externa dos EUA, seguida pela Argentina, Peru, Equador, República Dominicana, Guiana e outros estados, tem o mérito de identificar claramente o agressor, apontando o tráfico de drogas e o terrorismo como detentores do poder em governos e estados dos quais pessoas são atacadas impunemente, crimes são cometidos sob cobertura ditatorial e crimes contra a humanidade são perpetrados com retórica anti-imperialista e reivindicações de soberania.

O socialismo do século XXI — que representa a expansão da ditadura de Castro em Cuba —, além de controlar as ditaduras/narcoestados de Cuba, Venezuela, Nicarágua e Bolívia, conseguiu instalar governos subservientes no México, sob López Obrador e agora sob Sheinbaum, no Brasil, sob Lula da Silva, na Colômbia, sob Petro, e em Honduras, sob Castro, que colocaram suas políticas externas a serviço do crime, em detrimento de sua soberania e prejudicando gravemente seu povo. A evidência disso é o encobrimento dos narcoestados, dos cartéis criminosos que os controlam, e sua ânsia em apresentar crimes como atos políticos.

Não se trata apenas de governos protegendo o crime; trata-se de governos cujos líderes cometem crimes. Há países completamente controlados por grupos criminosos narcoterroristas, como Cuba, Venezuela, Nicarágua e Bolívia. Há países com territórios, estados, municípios, cidades ou províncias sob o controle de criminosos que tomaram o controle dos governos locais, da política, da justiça e do terror, como demonstrado por casos no México, Argentina, Colômbia, Brasil, Equador e outros.

O desmantelamento do crime organizado que controla os países é uma obrigação jurídica internacional e um direito legítimo de defesa dos países sob ataque e da comunidade internacional. O silêncio da Organização dos Estados Americanos sobre o assunto é ensurdecedor.

Desmantelar o crime organizado que controla territórios, estados, províncias ou municípios dentro de um país é obrigação dos governos nacionais, como o Equador, que iniciou uma luta aberta e determinada, ou, como no México, que parece ter optado pela coexistência, ou na Argentina, onde parece melhor continuar ignorando o problema.

A liderança da região entende que o futuro da democracia depende da remoção do crime organizado do controle de países e territórios. Não é fácil, mas não há outra opção.

*Advogado e Cientista Político. Diretor do Instituto Interamericano para a Democracia

Publicado em infobae.com segunda-feira setembro 8, 2025



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