Por: Pedro Corzo - 24/08/2025
Colunista convidado.Há eventos que marcam um antes e um depois na história de um país, e o assassinato do senador Miguel Uribe Turbay, candidato presidencial da Colômbia pelo partido Centro Democrático, foi um desses episódios que impactarão dramaticamente a história colombiana.
O senador Uribe, que morreu aos 39 anos, era advogado e neto do ex-presidente Julio Cesar Turbay e filho da jornalista Diana Turbay, que foi morta pelo grupo narcoterrorista liderado por Pablo Escobar.
Ao anunciar sua candidatura presidencial, o legislador aludiu ao assassinato de sua mãe com palavras que demonstraram seu comprometimento e respeito à lei: "Eu poderia ter crescido buscando vingança, mas decidi fazer a coisa certa: perdoar, mas nunca esquecer". Uribe, identificado com a direita política, como evidenciado por sua filiação partidária, considerava a segurança pública um aspecto fundamental da administração governamental e era favorável ao investimento estrangeiro.
Infelizmente, crimes semelhantes ocorreram na Colômbia. Tudo em um clima de alta tensão política, mas este ocorre em um contexto de tensão ainda maior devido à proximidade das eleições nacionais em maio do próximo ano, ao forte antagonismo entre os pré-candidatos, à polêmica prisão domiciliar do ex-presidente Álvaro Uribe e à peculiaridade de que todos esses acontecimentos ocorrem em um momento em que o país é governado, pela primeira vez em sua história, por uma administração identificada com a esquerda política, cujo presidente conta com apenas 37% do apoio do eleitorado.
O grupo político Pacto Histórico, liderado pelo presidente Petro, selecionou seus candidatos presidenciais e reúne diversas organizações, como Colômbia Humana, Pólo Democrático Alternativo, União Patriótica e Partido Comunista, com o objetivo de construir uma força unida para apoiar as políticas do atual presidente nas eleições de 2026, buscando criar um partido único com todas as implicações que isso acarreta.
Por sua vez, os candidatos do conservador e direitista Centro Democrático podem reconsiderar sua posição após a morte do senador Uribe e a prisão domiciliar do ex-presidente Álvaro Uribe, líder indiscutível desse partido político no país e figura pública muito respeitada no cenário internacional.
Derrotar a facção política que se identifica com Gustavo Petro não deve ser difícil, pois a maioria da população demonstra insatisfação com sua gestão presidencial. No entanto, a direita precisa entender que, se enfrentar um bloco de esquerda dividido, a derrota é muito provável.
As próximas eleições na Colômbia são particularmente decisivas. Os eleitores poderão determinar se seu voto à esquerda na última eleição correspondeu às suas expectativas ou se suas esperanças foram frustradas pelo fraco desempenho do governo atual.
Além disso, a situação é complicada pela aparente reaproximação entre Bogotá e a ditadura venezuelana de Nicolás Maduro, que propôs a união das Forças Armadas Colombianas com as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas, uma fórmula proposta após o presidente Gustavo Petro expressar seu apoio após tensões com os Estados Unidos, que emitiram um comunicado oferecendo uma recompensa de US$ 50 milhões pela captura do autocrata.
A trágica morte do senador Uribe Turbay nos leva ao primeiro desses assassinatos, elevando o total para oito. O primeiro ocorreu há 111 anos. A vítima era um general que, curiosamente, tinha o mesmo sobrenome do congressista assassinado.
Segundo reportagem de Brian Ferney Valencia publicada no jornal "Colombiano", o homem assassinado era um general antioquenho chamado Rafael Uribe Uribe. Este soldado havia participado de três conflitos nacionais e também era senador, diplomata, advogado e jornalista. A reportagem detalha que ele foi morto com um machado próximo ao Capitólio Nacional.
É importante notar que, apesar da contínua violência política, terrorismo, sequestros e tráfico de drogas, a Colômbia nunca perdeu seu ritmo constitucional, embora a estreita associação das guerrilhas com o crime organizado tenha colocado seriamente em risco a democracia.
Em benefício do país, os principais atores democráticos da vida pública colombiana — políticos, militares, líderes sociais e setores ativos das comunidades — tiveram a previsão necessária para manter a equanimidade e não se deixar provocar por aqueles que querem promover o caos e levar o país ao mar venezuelano da felicidade, assim como Hugo Chávez e Nicolás Maduro levaram o povo venezuelano ao pântano do castrismo.
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