O socialismo do século XXI falha em proteger o Cartel dos Sóis com a soberania da Venezuela.

Carlos Sánchez Berzaín

Por: Carlos Sánchez Berzaín - 28/09/2025


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A tomada criminosa de poder e a suplantação da política vêm entrando em colapso desde que os Estados Unidos designaram o "Cartel dos Sóis" como uma entidade terrorista em 25 de julho de 2025, identificando o regime de Nicolás Maduro como um grupo criminoso que "lucra com o tráfico de drogas e desestabiliza o hemisfério". Os regimes do socialismo do século XXI tentaram proteger sua ditadura/narcoestado, protegendo-a por trás da soberania da Venezuela, e falharam ao se exporem como parte do tráfico de drogas.

A substituição da soberania por regimes autoritários transformou-se em sua substituição pelo crime organizado transnacional. A expansão da ditadura cubana com os recursos petrolíferos fornecidos por Hugo Chávez a partir de 1999 e o apoio do Foro de São Paulo sob Lula da Silva produziram a cobertura política chamada socialismo do século XXI, que disfarça o grupo de crime organizado transnacional mais bem-sucedido que efetivamente travou a "guerra híbrida" contra as democracias das Américas com migração forçada, tráfico de drogas, terrorismo, criminalidade comum, desestabilização interna, assassinatos e todos os tipos de crimes.

As ditaduras do socialismo do século XXI rapidamente se transformaram em narcoestados. Cuba já era um, graças à parceria de Fidel Castro com Pablo Escobar, da Colômbia, e Roberto Suárez Gómez, da Bolívia, mas, com o controle da Venezuela, tornou-se o centro das operações de produção de cocaína na Colômbia, com as FARC e o ELN, e na Bolívia, com Evo Morales e suas federações de produtores de coca e cocaína. O "Cartel dos Sóis" é a expressão do narcoestado estabelecido na Venezuela, devendo seu nome à "insígnia em forma de sol usada pelos generais venezuelanos" subordinados a Chávez e agora a Maduro.

Um narcoestado é um "país cujas instituições políticas são significativamente influenciadas pelo poder e pela riqueza do tráfico de drogas, cujos líderes ocupam simultaneamente cargos como funcionários do governo e membros de redes ilegais de tráfico de drogas, protegidos por seus poderes legais". Um narcoestado é reconhecido pelo "uso, pelas autoridades, de seus poderes governamentais para participar de qualquer fase do tráfico de drogas".

O estabelecimento e a operação de "narcoestados" para exercer poder, imunidades e privilégios de representação, ocupar espaços em organizações internacionais e controlar narrativas é a forma como as ditaduras de Cuba, Venezuela, Nicarágua e Bolívia garantiram impunidade ao crime organizado para operar o narcotráfico e o terrorismo como armas de "guerra híbrida" contra as democracias. Assim nasceu a "política externa do narcotráfico", que visa legitimar e legalizar o crime e os criminosos.

Os governos democráticos das Américas e da Europa sabem que seus países e sua estabilidade interna estão sob constante ataque do narcotráfico, do terrorismo, da migração forçada e das diversas armas de guerra híbrida que permitem ao agressor fingir neutralidade, inocência ou negar a agressão. Mas a identificação dos instrumentos de agressão, especificamente aqueles envolvidos no narcotráfico, no crime transnacional, no terrorismo e em outros crimes, leva aos perpetradores: as ditaduras do socialismo do século XXI.

A defesa da segurança nacional das democracias nas Américas, como Estados Unidos, Argentina, Equador, Paraguai, República Dominicana, Peru, Panamá e todas as outras, exige a supressão da atividade criminosa no poder político e por governos com uma narrativa de revolução, esquerda, progressismo, anti-imperialismo ou o que quer que eles usem.

O crime está à vista de todos, e mesmo governos paraditatoriais que devem seu poder ao socialismo do século XXI têm sérias dificuldades em defender o narcotráfico. Uma coisa é alegar defender a soberania de um país livre ou a continuidade de um governo legitimamente eleito, e outra bem diferente é defender um cartel de drogas que possui provas legais de atos notórios, mandados de prisão internacionais e recompensas por ser levado à justiça.

O crime não tem soberania, mesmo que usurpe o poder em Cuba, Venezuela, Nicarágua e Bolívia. Soberania é a "autoridade legítima suprema" de uma entidade política, e legítimo significa fundamentalmente legal. O Cartel dos Sóis é uma entidade ilícita e criminosa que também faz parte de uma entidade maior que se apresenta como socialismo do século XXI.

O socialismo do século XXI sabe que restaurar a liberdade e a democracia na Venezuela é o caminho para a libertação de povos também subjugados pelo sistema do crime organizado transnacional. Por isso, passou a apoiá-lo com terrorismo de Estado, buscando simular um conflito internacional entre países, quando na realidade se trata apenas de proteger uma de suas principais quadrilhas criminosas.

*Advogado e Cientista Político. Diretor do Instituto Interamericano para a Democracia

Publicado em infobae.com domingo setembro 28, 2025



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