O circo CELAC

Pedro Corzo

Por: Pedro Corzo - 08/05/2025

Colunista convidado.
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É preciso admitir que o castro-chavismo tem sido muito prolífico na criação de organizações regionais com o objetivo de dispor de diversos instrumentos para controlar a política em qualquer uma de suas expressões no hemisfério e assim construir o mar de felicidade sonhado por Fidel Castro e Hugo Chávez, uma das realidades mais cruéis para aqueles presos em suas distopias.

Uma dessas instituições é a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), que realizou sua cúpula mais recente em abril passado, em Honduras, sob a presidência pro tempore da Sra. Xiomara Castro, presidente do país centro-americano, que passou o bastão para a Colômbia na pessoa de Gustavo Petro.

É interessante notar que a Cúpula da CELAC está ocorrendo em Honduras enquanto o país se prepara para eleições presidenciais e a presidência está sendo transferida para a Colômbia, que também realizará eleições gerais no ano que vem. Portanto, é fácil deduzir que essas reuniões tendem a impulsionar politicamente seus anfitriões, fornecendo-lhes uma plataforma que, embora de pouco prestígio, serve para promovê-los, uma prática que Fidel Castro e Hugo Chávez implementaram durante suas respectivas ditaduras. Eles eram fascinados pelo circo, embora sempre racionassem pão para sua claque.

A CELAC é a contraparte populista da Organização dos Estados Americanos (OEA), que, com toda a honestidade, parecem ser gêmeas idênticas quando se trata de sua ineficiência mútua em atingir seus respectivos objetivos.

A CELAC é um instrumento essencial para promover o despotismo, portanto seus propósitos permanecerão válidos enquanto autocratas como Rafael Correa e Evo Morales exercerem influência no contexto americano e indivíduos como Nicolás Maduro, Daniel Ortega, Xiomara Castro e Miguel Díaz-Canel desgovernarem, que sempre foram inimigos dos valores democráticos, do escrutínio e da crítica.

Eles e seus aliados, embora não tenham os recursos iniciais fornecidos pela Venezuela rica em petróleo, são os iluminados da era da internet que só apreciam a liberdade e os direitos dos outros a partir da perspectiva de seus próprios interesses. A CELAC sempre será um instrumento de desestabilização e negociação para aqueles que buscam o poder, aqueles que querem impor sua vontade em detrimento dos direitos dos governados.

Castro, Chávez e, claro, Luis Inácio Lula da Silva, antes um dos favoritos das classes políticas latino-americanas e norte-americanas — felizmente, ninguém mais acredita nesse sujeito — fundaram a CELAC, a UNASUL e a ALBA, uma enxurrada de siglas que serviram apenas para espalhar suas propostas, com muito pouco sucesso.

O declínio da CELAC é mais do que evidente, como indica o fato de que apenas 11 presidentes dos 33 estados que compõem a entidade estiveram presentes, com a ausência do mais notório de todos, Nicolás Maduro, a quem Washington equiparou a Osama Bin Laden ao oferecer a mesma quantia de dinheiro por sua captura. O ditador cubano Miguel Díaz-Canel foi recebido em Tegucigalpa pelo homem que alguns dizem ser o verdadeiro governante do país, José Manuel Zelaya.

Outro aspecto importante a destacar é que dois dos três países que são, de certa forma, a espinha dorsal da entidade, Nicarágua e Venezuela, estavam ausentes; só Cuba participou, porque seu ditador mendigo nunca perde uma oportunidade de exigir uma migalha de qualquer coisa que lhe permita permanecer no poder.

Esses três países enfrentam uma profunda crise de governabilidade devido ao descontentamento popular generalizado, que os força a impor um controle social rigoroso, proibindo tudo o que não é explicitamente permitido e prendendo inúmeras pessoas.

Cuba tem 1.152 pessoas presas por motivos políticos, a maioria delas 66 anos depois da tirania chegar ao poder; A Venezuela tem 1.601 presos políticos, e a Nicarágua ainda tem quase 100 presos políticos depois de esvaziar suas prisões, exilando centenas de prisioneiros e retirando-lhes a cidadania, embora qualquer um deles seja cidadão com mais dignidade do que o casal Daniel Ortega e Rosario Murillo jamais terá.


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