Por: Carlos Sánchez Berzaín - 19/10/2025
O governo mexicano migrou de uma narrativa ideológica para uma humanitária, na tentativa de justificar seu apoio contínuo, o encobrimento e a defesa de organizações criminosas sob o comando de Havana, que subjugam os povos de Cuba, Venezuela, Nicarágua e Bolívia com terrorismo de Estado. Da condução de sua política externa e o resgate de fugitivos com cobertura diplomática à contratação de mão de obra escrava e ao fornecimento de petróleo, o apoio e a cumplicidade do governo mexicano com a ditadura cubana e seus representantes constituem violações do direito interno e internacional que não podem continuar impunes.
Andrés Manuel López Obrador, AMLO, transformou o México em um governo “paraditatorial” — um “governo democraticamente eleito que serve às ditaduras do crime organizado, as sustenta, busca legitimá-las e não cumpre com as obrigações internacionais, traindo e prejudicando seus interesses nacionais”.
A presidência de Sheinbaum é apenas uma continuação dessa subjugação, porque governos paraditatoriais surgem quando o socialismo do século XXI — a sigla política para a ditadura cubana e sua expansão — promove, financia e leva ao poder aqueles que, uma vez no poder, colocam o país a serviço de seus comandantes.
O "iter criminis" do México sob os governos AMLO e Sheinbaum para sustentar o crime organizado nas Américas é notório e notável. O apoio incondicional e sustentado à ditadura cubana, com a contratação de médicos escravos, a compra de pedras, o envio de petróleo e a retórica humanitária, serve para encobrir o sustento de um grupo criminoso que tortura e faz passar fome seu povo há mais de 66 anos. Isso não é apoio; é servidão, uma vergonha para um país como o México, que tinha uma política externa que proclamava o respeito à não intervenção e aos direitos humanos.
Em 2025, o Centro Mexicano contra a Corrupção e a Impunidade documentou "55 remessas de petróleo bruto e derivados para a ditadura cubana entre maio e agosto", e as "remessas foram avaliadas em três bilhões de dólares", apesar da escassez de gasolina no próprio México. Como esse valor é registrado na gestão do Estado mexicano? No mínimo, trata-se de desvio de recursos públicos, peculato ou uma cadeia de falsificações que disfarça o sustento do crime organizado com a chamada "Gasolina do Bem-Estar", algo que a democracia mexicana tem a necessidade e a obrigação de esclarecer.
No México, em 2024, 678 médicos cubanos teriam sido contratados para o setor público, e o diretor do Instituto Mexicano de Previdência Social, após se reunir com o ditador cubano Díaz-Canel, contratou mais 1.200 médicos escravos. A escravidão consiste em pagar ao regime cubano pelo trabalho de pessoas cujas famílias são mantidas reféns, conforme relatado pelo relatório das Nações Unidas e por precedentes no Brasil, Bolívia, Venezuela, Equador e dezenas de outros países.
O apoio à ditadura cubana sustenta o mais antigo grupo criminoso organizado das Américas, o primeiro narcoestado da região, o mais importante centro de violações de direitos humanos por meio do terrorismo de Estado e o centro de conspiração e desestabilização que ataca sistematicamente as democracias. Isso é demonstrado pela servilidade do México em apoiar o grupo criminoso que subjuga o povo venezuelano quando AMLO recebeu Nicolás Maduro com honras presidenciais e ignorou a ordem internacional de US$ 25 milhões — que hoje é de US$ 50 milhões — para sua captura. Isso é confirmado pela decisão de apoiar a usurpação da soberania popular por meio da falsificação dos resultados das eleições de 2024 e pelo atual apoio ao Cartel dos Sóis.
O governo mexicano tornou-se um operador fantoche da ditadura cubana, retirando Evo Morales da Bolívia em 2019, quando ele renunciou por fraude e crimes em flagrante delito, livrando-o do processo, com igual proteção para membros de seu grupo criminoso em sua embaixada em La Paz. Repetiu a manobra no Equador, protegendo o condenado Jorge Glas, instigando o incidente diplomático que levou o governo equatoriano a retirar o fugitivo da embaixada mexicana. Tentou abrigar o líder golpista Pedro Castillo do Peru e fornece à sua esposa, Lilia Paredes, "US$ 10.000 por mês, guarda-costas e motoristas particulares", como noticiou a Infobae em 2 de maio de 2024.
A participação aberta na "migração forçada" contra os Estados Unidos e no "tráfico de cocaína e fentanil" não é uma questão menor, já que, alegando questões de soberania, o território mexicano foi usado como plataforma para agressões contra o parceiro do acordo de livre comércio que lhe proporcionou crescimento e desenvolvimento jurídico. O governo mexicano permitiu e tolerou a existência de narcoestados em seus estados, que fortaleceu por meio da eleição de juízes.
Este resumo conciso prova que o governo mexicano viola a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional (Convenção de Palermo), o Acordo de Livre Comércio com os Estados Unidos e o Canadá, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José), a Carta da OEA, a Carta Democrática Interamericana e muito mais.
*O autor deste artigo é advogado, cientista político e diretor do Instituto Interamericano para a Democracia.
Publicado em infobae.com no domingo, 19 de outubro de 2025
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