Por: Carlos Sánchez Berzaín - 06/08/2023
Este 6 de agosto é o 198º aniversário da fundação da República da Bolívia, hoje cativa da ditadura que a suplantou com o narcoestado plurinacional. A melhor homenagem à Pátria é mostrar o caminho para recuperar a liberdade, uma estratégia possível em 3 etapas para acabar com a ditadura: 1.- reconhecimento de que a Bolívia é uma ditadura, não há democracia; 2.- retorno à democracia com substituição de seus elementos essenciais; 3.- governo de transição que restaura a República, acaba com a impunidade e propõe o federalismo e o parlamentarismo.
1.- RECONHECIMENTO DE QUE A BOLÍVIA É UMA DITADURA.- Com base nas eleições de 2020, o atual governo se apresenta e é reconhecido internacionalmente como uma democracia, com base na suposta "legitimidade de origem" que lhe deu o resultado eleitoral, sem permitir investigação de as denúncias de fraude, porque os candidatos da oposição e do governo interino reconheceram como vencedor Luis Arce, o candidato do ditador Evo Morales, que havia renunciado e fugido do país.
O que a ditadura aponta é que o governo não tem “legitimidade de exercício” porque na Bolívia não há nenhum dos elementos essenciais da democracia estabelecidos pelo artigo 3º da Carta Democrática Interamericana:
1.1.- Não há respeito pelos "direitos humanos ou liberdades fundamentais" porque existem mais de 280 presos políticos, sendo os mais notórios o ex-presidente Añez, o governador de Santa Cruz Camacho, o cívico Pumari, ex-membros de comandos militares e policiais , jovens, mulheres e homens de todo o país, submetidos à tortura.
1.2.- Não há "estado de direito" porque a lei na Bolívia hoje viola direitos em vez de protegê-los, como evidencia o texto da constituição plurinacional que acabou com a não retroatividade da lei e o voto universal entre outros, além de múltiplas "leis infames" que violam os direitos humanos.
1.3.- Não existe "separação ou independência dos poderes públicos", porque -entre outras coisas- a justiça é uma dependência da ditadura com a qual perseguem perseguições políticas, praticam o terrorismo de Estado e garantem a impunidade dos criminosos. ditadura. O Poder Legislativo é apenas parte da simulação da democracia. É uma cópia da Cuba expandida na Venezuela, que também comprova a submissão e entrega da Pátria a potências estrangeiras e a condição de ditadura não nacional.
1.4.- Não é possível "realizar eleições livres, justas, baseadas no sufrágio universal e secreto como expressão da soberania popular" porque o rol eleitoral é falsificado com o aumento de eleitores desproporcional ao crescimento populacional; porque o regime impediu o censo nacional exigido por lei, atropelando seus defensores como o Departamento de Santa Cruz; porque as autoridades eleitorais estão sujeitas ao regime e não são imparciais; porque o sufrágio universal desapareceu com a constituição plurinacional que elimina a igualdade dos cidadãos.
1.5.- Não existe um “regime plural de partidos e organizações políticas” com mais de 8.000 exilados políticos, presos e perseguidos, molestados e incapacitados. O que existe é a "oposição funcional" formada por políticos e partidos ligados ao regime que defendem a farsa da aparência de democracia através da corrupção e da impunidade.
2.- VOLTAR À DEMOCRACIA COM SUBSTITUIÇÃO DE SEUS ELEMENTOS ESSENCIAIS.- Se a Bolívia fosse uma democracia como se falsifica e anuncia, a forma de mudar o governo seria através de eleições. Se a Bolívia é uma ditadura, o que corresponde é o retorno à democracia com a restauração de seus elementos essenciais cuja inexistência foi demonstrada. Numa ditadura, o povo tem "o direito supremo de se rebelar contra a tirania e a opressão", como aponta a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
A história mostra que a Bolívia conseguiu sair das ditaduras. O meio desejável é um processo de transição para o qual é necessário primeiro aceitar que existe uma ditadura e depois a normalização das condições mínimas de democracia.
3.- GOVERNO DE TRANSIÇÃO.- O objetivo da verdadeira oposição é chegar ao poder através de eleições. Sem a plena validade dos elementos essenciais da democracia, tal possibilidade não existe e as eleições ficam reduzidas a uma farsa, uma farsa que defini como uma “ditadura eleitoralista” em que “o povo vota mas não escolhe”.
Todos os ditadores do socialismo do século XXI em Cuba, Venezuela, Bolívia e Nicarágua sabem que perdem nas eleições democráticas e se isso acontece a impunidade acaba e acabam condenados e presos. Por isso, um único candidato da verdadeira oposição deve vencer as eleições de 2025 na Bolívia, com o resumido plano de governo de “restaurar a República, acabar com a impunidade e permitir que o povo opte pelo federalismo e pelo parlamentarismo”.
*Advogado e Cientista Político. Diretor do Instituto Interamericano para a Democracia
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