Por: Hugo Marcelo Balderrama - 24/09/2023
Colunista convidado.Desde que a era do gás chegou ao fim, autoridades e opositores depositaram suas esperanças no lítio, recurso concentrado no Salar de Uyuni. Porém, a descoberta de um vulcão que poderia conter até 120 milhões de toneladas métricas de lítio, o que ultrapassaria 12 vezes a quantidade de lítio na Bolívia, que era considerada a maior jazida de lítio do mundo até esta nova descoberta, e sua exploração, além disso, poderia começar já em 2026, deixou alguns e outros sem palavras.
A classe política nacional sempre foi incapaz de colocar uma questão básica: podem os recursos naturais conduzir automaticamente os países ao desenvolvimento e tirar as populações da miséria?
A resposta é muito simples, não. Agora vamos ver os porquês.
A realidade é que, tal como o eram na altura o guano, o salitre, a borracha, o estanho ou o gás, o lítio era apenas uma nova promessa vazia, uma vez que a prosperidade das nações não depende dos recursos que têm em sua posse. ou nas montanhas, mas da capacidade humana de criar, o que o professor Jesús Huerta de Soto chama de: Função empresarial. Mas o acima exposto requer quadros institucionais que respeitem a liberdade económica e os direitos de propriedade.
Dado que os recursos são escassos face às necessidades, é imperativa a atribuição de direitos de propriedade de forma a dar-lhes o melhor aproveitamento possível, ao critério de quem compra ou deixa de comprar no supermercado e equivalentes. Nesse contexto, quem faz melhor uso de sua propriedade atende melhor aos desejos e preferências do próximo. Ou seja, cada proprietário, para melhorar ou manter o seu imóvel, deve oferecer bens e serviços que agradem aos outros. Se você deixar seus recursos inexplorados ou explorá-los mal, incorrerá em perdas e seu capital será consumido. No sistema capitalista, as perdas são tão importantes como os lucros, pois permitem ao empresário melhorar a qualidade dos seus bens, adaptar comportamentos de investimento mais prudentes e compreender melhor as necessidades do consumidor.
Na ausência de propriedade privada, por exemplo, ninguém semeará para outros colherem e assim por diante, que foi o que produziu as horríveis fomes no novo continente após a experiência comunista dos primeiros 102 colonos estabelecidos em Plymouth, no que mais tarde se tornaria os Estados Unidos. Aderiu. Fomes detalhadas no famoso relatório do governador William Bradford (Of Plymouth Plantation), onde são claras as razões pelas quais a ideia de propriedade coletiva foi abandonada. Essa mudança fez dos Estados Unidos a nação com maior capacidade de criação de riqueza na história da humanidade.
Contudo, não é necessário viajar tão atrás no tempo para ver os efeitos nocivos da falta de propriedade privada. No país, a coletivização da terra repercutiu no padrão de vida dos camponeses bolivianos, especialmente no oeste do país. Por exemplo, o Índice Global da Fome (IGF) de 2021 mostra que a Bolívia tem o terceiro maior índice de fome da região. A nível continental, o país ocupa a 15ª posição entre 21 países latino-americanos. Este estudo indica que Potosí e Chuquisaca estão em situação grave. Além disso, há desigualdade no acesso aos alimentos e falta de renda familiar.
Concluindo, é hora de parar de pensar no próximo recurso natural a explorar e começar a debater as verdadeiras causas da riqueza das nações: a liberdade e a propriedade.
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