Não, obrigado, não preciso de babá

Hugo Marcelo Balderrama

Por: Hugo Marcelo Balderrama - 14/05/2023

Colunista convidado.
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Na Bolívia, os dólares são escassos, o câmbio vacila, além disso, a cada segundo que passa, o público perde a confiança no sistema financeiro, mas as travessuras não faltam, não vamos morrer de tédio.

Na última encenação, Marcelo Montenegro, ministro da Economia, descreveu a gestão econômica do presidente, Luis Arce Catacora, como um oásis com estabilidade de preços e grande crescimento econômico. Porém, a comédia não para por aí, mas Montenegro chegou a dizer: “É o Governo que, como uma mãe, cobre seus filhotes para que não recebam o impacto dos choques”. As declarações do chefe da economia, embora engraçadas, contêm um sopro ditatorial, o que Friedrich Hayek batizou como: Arrogância fatal.

Em primeiro lugar, a economia não se move por caprichos ou decretos governamentais, mas pela informação que se transmite através dos preços. Por exemplo, se houver dez casas em oferta e trinta candidatos, o preço estará situado a um nível que permita vender as dez casas, isto significa que a esse preço não há sobras nem faltas. É verdade que essas casas terão um custo alto, mas isso é a mãe do cordeiro, porque os empresários verão uma oportunidade de lucro no mercado imobiliário. Este sistema tem duas grandes conquistas: 1) alocar eficientemente os sempre escassos fatores de produção, tornando as sociedades mais prósperas, e 2) permitir que os homens vivam em liberdade.

Por isso a mensagem do ministro é tão perigosa, já que ele afirma, de forma oculta, que não somos capazes de administrar nossas vidas. Ele está nos dizendo que, em troca de nossa liberdade, a ditadura se encarregará de nosso presente e futuro.

Mas deixando de lado a teoria econômica, na prática o Estado Plurinacional da Bolívia é o exemplo típico de fracasso econômico. Vamos ver.

A Bolívia, produto das “diabólicas” reformas neoliberais dos anos 90, chegou a receber mais de US$ 50 bilhões com a venda de gás. Mas esse boom acabou em 2014. O ideal seria cortar gastos públicos e começar a poupar. No entanto, as receitas do gás foram substituídas por dívidas e um terrível desperdício de reservas.

Que a merda não pare! Era a política do governo desde 2014. Obviamente, surgiram déficits fiscais, e já os temos há dez anos consecutivos a uma taxa de 8% do PIB. Nossa dívida se multiplicou 14 vezes desde 2007, quando atingiu pouco mais de US$ 2 bilhões (17% do PIB), até atingir hoje mais de US$ 32 bilhões (mais de 80% do PIB). De sua parte, nossas NIRs, que chegaram a US$ 15 bilhões em 2014, caíram para menos de US$ 4 bilhões hoje. Há ainda uma agravante, o Banco Central não publica informações desde fevereiro, estamos navegando às cegas.

No departamento de Santa Cruz, o mais produtivo do país, o setor agropecuário iniciou uma série de protestos pela falta de abastecimento de diesel. Além disso, em um dos poucos vislumbres de honestidade, Arce Catacora admitiu que o país havia perdido seu potencial energético. Suas palavras foram:

La solución estructural al tema de los hidrocarburos nos va a llevar algo más de tiempo, porque los pozos se han cansado, ya no tienen la misma cantidad de gas y hay que hacer más exploración, hay que hacer más inversiones para poder reactivar otro sector que É importante.

Você confiaria seu futuro a um governo que destruiu a economia, desmantelou instituições democráticas e transformou a Bolívia em um estado falido?

Eu não. Não, obrigado, não preciso de babá.


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