Não há dois sem três. O terceiro mandato de Lula no Brasil

José Antonio Friedl Zapata

Por: José Antonio Friedl Zapata - 02/06/2023

Colunista convidado.
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Na noite de 10 de fevereiro deste ano, em meio a uma impressionante tempestade elétrica, um poderoso raio atingiu o icônico Cristo Redentor no morro do Corcovado, no Rio de Janeiro, destruindo parte da gigantesca estátua. Um fotógrafo brasileiro, Fernando Braga, conseguiu registrar esse momento dramático para a posteridade. O povo brasileiro, muito religioso, mas também supersticioso, considerou esse evento um sinal muito negativo para seu futuro sob o novo governo Lula, que algumas semanas antes, em 1º de janeiro de 2023, tomou posse do país pela terceira vez.

As primeiras semanas do mandato de Lula confirmam que não devemos esperar nada de bom no maior e mais poderoso país do continente latino-americano, e a inquietação e a ansiedade não são sentidas apenas dentro do país, mas também nas esferas democráticas internacionais. Não esqueçamos a ideologia radical do Partido dos Trabalhadores, o PT, que apoia Lula, responsável por sua vez pela criação do malvado Fórum de São Paulo e suas receitas criminosas. Não esqueçamos o forte apoio que este novo governo está dando a organizações como a Celac e outras com poucas credenciais democráticas. Nas poucas semanas em que Lula está no comando do país, o Brasil se juntou à maré vermelha da extrema esquerda marxista que está inundando nosso continente. A proximidade de Lula com os governos ditatoriais latino-americanos, se são Venezuela, Nicarágua, Cuba, Bolívia, Colômbia, Chile e os que estão na lista de espera como México, Argentina, Equador, Peru, é mais do que evidente. O Ocidente esperava que Lula da Silva fosse seu parceiro, mas o presidente brasileiro tinha outros planos. A visita do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em abril passado, aos líderes das ditaduras mais hediondas do continente, inclusive o Brasil, sugere que Lula se aproximou desses países totalitários, o que é simplesmente vergonhoso. Na última reunião da CELAC realizada em Buenos Aires, em janeiro deste ano, ficou claro o rumo ideológico do novo governo brasileiro, em claro contraste com as corajosas declarações do atual presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, que afirmou: “Há são países aqui representados que não respeitam a democracia nem os direitos humanos, nem as instituições”. E em outra ocasião, Lacalle Pou declarou enfaticamente: “A maré vermelha da esquerda não chegará ao Uruguai”. A reunião da Celac, que reúne 33 países, acabou sendo uma celebração das ditaduras latino-americanas, cúpula que ungiu Lula em um país, a Argentina, cuja democracia está em frangalhos.

Na política interna assistimos no Brasil a um atraso alarmante nas liberdades fundamentais. No comando dessa perigosa investida totalitária está um grande amigo de Lula, Alexandre de Moraes, que além de ser presidente do Tribunal Superior Eleitoral do país, é também um importante desembargador do Supremo Tribunal de Justiça do Brasil, acumulando assim em suas mãos enorme poder com grande peso político. Alexandre de Moraes é questionado não só por grupos conservadores, bolsonaristas, mas também por grupos de esquerda que querem fazer justiça igual para todos os cidadãos. Teme-se que o Brasil já esteja se tornando uma ditadura judicial, uma espécie de "juristocracia".

Alexander de Moraes, uma mistura brasileira de Rasputin, Richelieu, com elementos de Goebbels, ganhou o nome de Robocop entre a população por seus métodos brutais de fazer justiça, ou o que ele entende por justiça. Está em curso uma verdadeira caça às bruxas contra os membros da oposição política do país, contra os jornalistas independentes, contra os meios de comunicação nacionais e internacionais que ousam criticar o caráter totalitário do atual governo, o que põe em risco a atual democracia brasileira de Lula, ex-presidente condenado que nunca foi declarado inocente. A perseguição implacável de jornalistas, cantores, artistas e comediantes está na ordem do dia. É o caso do jornalista internacional Glenn Greenwald, do jornalista Oswald Eustaquio,

Esse controle totalitário também se aplica internacionalmente. Segundo o perseguido jornalista internacional Glenn Greenwald, “de Moraes se tornou o chefe da censura não só no Brasil, mas no mundo porque ele ordena que plataformas estrangeiras excluam de suas notícias políticos e jornalistas que se opõem ao regime”. Até o empresário bilionário, dono do Twitter, Elon Musk disse publicamente estar preocupado com a situação da mídia no Brasil hoje.

Como Lula não tem maioria no Congresso, Alexandre de Moraes tenta de todas as formas neutralizar essa situação. Nas últimas semanas, já conseguiu que dez parlamentares de destaque fossem eliminados pelas redes sociais, justamente os mais votados. Com sede de poder, e com o apoio de Lula, sob a hipocrisia de salvar a democracia, ele a está destruindo aos trancos e barrancos, esquecendo que quase a metade dos brasileiros votou contra Lula, e que ele venceu por ínfima margem. Como ser vingativo e tal, ele não vai descansar até ver Bolsonaro atrás das grades.

Em sua recente e volumosa viagem diplomática internacional, Lula mostrou sua verdadeira ideologia antiocidental; tirou a máscara, entregando-se plenamente à dependência económica da China e da Rússia, que se tornaram agora os seus parceiros mais importantes. O Ocidente esperava que ele fosse seu aliado, mas o presidente brasileiro tinha outros planos. No futuro, Lula usará os países dos chamados BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul - para ganhar poder internacional e satisfazer seu ego. Ele também conseguiu outro grande triunfo ao colocar a ex-presidente destituída e corrupta Dilma Rousseff à frente do banco dos países BRICS, o NDB, Novo Banco de Desenvolvimento, com sede em Xangai, tendo assim uma caixa a mais para seus delírios de grandeza. influência internacional.

É triste ver líderes de países democráticos renderem-se a seus pés sem dizer uma palavra, como o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, que estendeu um tapete vermelho para ele durante sua visita oficial, Lula ousando até repreendê-lo por sua política externa política. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, por sua vez, recebeu-o na Casa Branca como amigo e abriu-lhe as portas como interlocutor decisivo na América Latina. Sua polêmica frase: "Nossas democracias foram postas à prova, mas venceram" indica a aproximação pessoal entre os dois líderes mundiais. A avaliação de John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, porém, foi bem diferente, afirmando algumas semanas depois que "Brasil e Lula papagueiam a propaganda da Rússia e da China". Na Europa, o único presidente que ficou bastante distante das propostas de Lula foi o chanceler alemão Olaf Scholz, e a maioria da imprensa alemã expressou grandes dúvidas sobre a política externa do atual governo brasileiro. É evidente que toda essa estratégia diplomática brasileira também visa catapultar Lula como o próximo candidato à indicação ao Prêmio Nobel da Paz, contando com o aval certeiro dos países latino-americanos do socialismo do século XXI.

Anos difíceis aguardam o povo brasileiro até as próximas eleições, em 2026. Felizmente, o país já conta com excelentes candidatos de oposição, como apontou o presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira, entre eles os atuais governadores dos Estados do Rio de o janeiro Claudio Castro, o mineiro Romeu Zema e o paulista Tarcisio de Freitas, que tomarão cuidado para não repetir os erros de Bolsonaro. Até agora, Lula descartou a possibilidade de participar da disputa presidencial de 2026 por motivos de idade avançada. Em suas próprias palavras: "Eu teria 81 anos e a natureza é implacável". Mas, ao mesmo tempo, deixa a porta aberta para continuar no comando do país caso a situação do Brasil o exija.

José Antonio Friedl Zapata

Cientista Político – Latino-Americanista – Jornalista Independente

Autor de vários livros com temas latino-americanos


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