Gustavo Petro deve ser julgado pelo crime contra Miguel Uribe Turbay.

Carlos Alonso Lucio

Por: Carlos Alonso Lucio - 25/06/2025

Colunista convidado.
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As fotos de Gustavo Petro no palco com líderes de organizações criminosas são tão inaceitáveis ​​quanto reprováveis. Seriamente reprováveis. Em outras palavras, merecem ser levadas em consideração na condenação em um processo de impeachment.

O que ele pretendia com eles? Ostentar seus pactos de prisão? O que ele queria dizer ao país?

Duas semanas depois de Miguel Uribe Turbay ser vítima de assassinos de aluguel, Gustavo Petro sai para se exibir com os mais notórios assassinos de aluguel da Colômbia.

O que você quer nos dizer? O que você quer nos dizer?

Em meio à profunda dor que sentimos pelo ataque a Miguel, uma semana depois de termos marchado rezando por um milagre em sua vida, Petro sai para nos informar quem são seus verdadeiros aliados, os protagonistas de seu verdadeiro "pacto histórico".

Sim, isso é claro. O processo de impeachment deve ser aberto para que Gustavo Petro possa responder por suas responsabilidades no atentado contra Miguel Uribe Turbay.

Não, não estou me referindo ao processo criminal. Esse é outro assunto.

Estou me referindo ao julgamento de impeachment.

Há uma enorme expectativa em torno da investigação. Estamos todos muito ansiosos para ver os assassinos — tanto os autores quanto os mandantes — pagarem o preço pela atrocidade que cometeram. A sociedade exige justiça.

O que acontece em um crime político como esse é que não há apenas responsabilidades criminais, mas também responsabilidades políticas.

É possível que, nesses tipos de crimes, a responsabilidade criminal e a responsabilidade política se confundam. Isso já aconteceu muitas vezes na história. É o caso de Maduro, Cabello e Padrino, por exemplo, que todos sabem que são os que dão ordens diretas para matar, desaparecer, sequestrar e torturar.

Neste caso, o atentado contra Miguel Uribe Turbay, ainda não sabemos. Ainda há espaço para dúvidas.

Lembro-me dos crimes cometidos contra os candidatos presidenciais em 1990, quando Jaime Pardo Leal, Luis Carlos Galán, Bernardo Jaramillo e Carlos Pizarro foram assassinados. O país sabia perfeitamente que o presidente Virgilio Barco não tinha nada a ver com os crimes. Pelo contrário, seu governo travava uma batalha extremamente difícil contra os criminosos. Por isso, o M-19 decidiu honrar a assinatura do acordo de paz sobre o assassinato de Carlos no avião da Avianca. Porque estávamos convencidos da inocência do presidente e porque sabíamos que voltar às armas significaria cair na armadilha dos criminosos. Por isso, os acordos de paz foram ratificados e honrados.

Imagine qual teria sido a decisão se houvesse a menor dúvida sobre o envolvimento do governo no crime.

Aí reside o primeiro grande problema político decorrente do crime contra Miguel Uribe Turbay: a questão de saber se Gustavo Petro tem alguma responsabilidade.

A dúvida, por si só, existe porque o país sabe que Gustavo Petro, seu governo e seu partido não têm limites. Nem éticos, nem legais. Que são capazes de tudo. Isso, por si só, representa um imenso problema político. Talvez o mais sério que enfrentamos.

Imagine o que acontece em um país onde a sociedade passa a entender que a pessoa que ocupa a presidência é capaz de qualquer coisa.

Não nos resta outra opção senão aguardar o avanço das investigações do Ministério Público e da Polícia para apurar quem foram os autores e mandantes, para que possam ser punidos, e para apurar se, desta vez, mais uma vez na história, a responsabilidade criminal e a responsabilidade política se combinam. Como sempre acontece com ditadores, mesmo com ditadores mesquinhos.

Mas, repito: responsabilidades criminais não são a mesma coisa que responsabilidades políticas.

Quanto ao envolvimento criminoso de Petro e seus assessores no crime: há dúvidas. Para saber, teremos que aguardar o progresso das investigações. Se é que elas avançarão.

Mas não há dúvidas sobre se Gustavo Petro e seus assessores têm responsabilidade política pelo ataque a Miguel Uribe Turbay.

E é por isso que ele deve ser julgado em um processo de impeachment. Para que possa responder por suas responsabilidades políticas. É para isso que serve um processo de impeachment. Se, além disso, responsabilidades políticas forem combinadas com responsabilidades criminais, o processo de impeachment deve encaminhar o caso ao Supremo Tribunal de Justiça para que este possa prosseguir com o processo criminal.

Por que responsabilidade política?

Porque Gustavo Petro usa a violência em seu projeto político. Porque ele incorpora e incentiva o uso da violência em sua estratégia política. Essa é a base da militância como estratégia: o uso da violência na política. Uma política violenta. Como os nazistas, os fascistas e os comunistas.

Eles usaram isso quando, em sua estratégia de poder, paralisaram e vandalizaram o país por dois meses em 2021. Eles próprios já reconheceram isso em diversas ocasiões.

Ele a utilizou quando fez pactos com organizações criminosas para chegar ao poder.

Ele usou isso quando eles violaram as regras democráticas da campanha eleitoral.

Ele usou isso quando deu rédea solta ao crime organizado com os álibis da Paz Total.

Ele usou isso quando abusou de seu poder para desmantelar as Forças Armadas.

Ele usou isso para ameaçar partidos políticos e corromper congressistas do varejo.

Ele usou isso para ameaçar senadores que não se ajoelhassem diante dele e votassem contra o governo.

Ele usou isso quando chamou todos nós que marchamos contra o governo de “assassinos”.

Ele a usou quando assinou o decreto contra a Constituição, ignorando as advertências e os protestos de todos os juristas, exceto um.

Ele usou a violência quando incitou Miguel Uribe Turbay. Quando incitou Miguel, sua família, sua história, suas posições políticas, sua oposição. No fim, quando incitou sua dignidade, sua inteligência e sua coragem.

Ele a usou e continua a usá-la quando sai para se exibir, para ostentar e para justificar sua aliança com o crime organizado. Quando sai para minimizar a dor e a repulsa que nós, colombianos, sentimos pelo ataque a Miguel Uribe.

Numa sociedade que se respeita e impõe respeito, isso não pode acontecer. Isso não pode acontecer com ninguém, muito menos com um líder político, e muito menos com um presidente.

Gustavo Petro deveria parar de falar sobre eleitores. O que é preciso aqui não é mudar a Constituição, mas cumpri-la. Respeitá-la, cumpri-la e cumpri-la.

Por isso, porque a Justiça e a Democracia exigem: a mudança deve começar com o Julgamento do Impeachment.


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