Estaremos em crise?

Luis Beltrán Guerra G.

Por: Luis Beltrán Guerra G. - 14/07/2024


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A história revela que a humanidade tem lutado para alcançar o mais alto grau de desenvolvimento, uma tarefa enorme que lhe custou muito. Poder-se-ia afirmar, recorrendo às imagens, que navegou e continua a navegar num navio com capitão mais tripulação e o mar imenso. As deficiências são muitas, para alguns a responsabilidade da primeira, da segunda, do vapor ou das ondas violentas de um oceano tempestuoso. Haverá até quem acredite que a metodologia desenhada e colocada em prática não pode ficar de fora. O “jocoso”, diria ele sem dúvida, não é um, mas vários transatlânticos e de diferentes nacionalidades, competindo entre si, para dominar o mundo.

Para encontrar algumas respostas ao título deste ensaio, recorramos ao livro “State of Crisis (2016)”, da autoria dos destacados académicos Zygmunt Bauman e Carlo Bordoni. Este último, especializado em sociologia da cultura e professor nas universidades de Pisa e Florença, alega que “crise” é uma palavra que se repete com frequência nos jornais, na televisão e nas conversas do quotidiano, e que serve para justificar, desde o tempo ao longo do tempo, dificuldades financeiras, aumentos de preços, diminuição da procura, falta de liquidez, imposição de novos impostos ou a soma de tudo isto. Economicamente, é identificado como “um travão aos investimentos, uma diminuição da produção e um aumento do desemprego”. O autor cita como “o mais grave da modernidade”, o de 1929, que provocou o colapso das bolsas, dando origem a uma cadeia de suicídios, habilmente resolvidos graças às lições do economista Keynes, na opinião deste escritor , para outros conhecidos. Esta é uma situação complexa e contraditória derivada de uma combinação de causas e efeitos, resultando numa confusão de problemas e interesses conflitantes. Estas considerações de Bordoni referem-se à “crise do Estado”, que aliás começa com a afirmação “No século XXI, o que substituirá o Estado-nação (assumindo que algo o substitua) como modelo de governo popular? Não sabemos. Uma afirmação que justifica a agitação que alimenta estas linhas.

Para alguns de nós, as preocupações levaram-nos a estudar as leis num sentido formal, mas a administrá-las com a sua utilidade para o bem de uma sociedade tão igualitária quanto possível. Assumimos que as normas que alimentam uma constituição, um código ou um Estado de direito devem ser mecanismos para o desenvolvimento das pessoas. Portanto, quanto maior a objetividade das regras da vida humana, codificadas ou não, aliadas à sinceridade na sua aplicação, o povo sairia vitorioso. A justiça que se discute na magistratura acaba sendo uma partícula mínima, logicamente, indispensável ao bem da paz e do progresso humano. Mas concomitantemente com elas, deve ser destacada a importância determinante das revisões relacionadas ao desenvolvimento humano mais abrangente possível. É neste contexto que devem ser geradas políticas adequadas para alcançar uma humanidade, pelo menos, não tão desigual como aquela em que vivemos. Permitam-nos copiar do livro “A Ascensão do Príncipe Democrático” de Sergio Fabbrini: 1. A força do líder e do seu Executivo deve encontrar a sua correlação nas instituições públicas e sociais que devem controlá-lo”, 2. Estas devem permitir os Dirigentes e Executivos cumprem as suas tarefas, mas ao mesmo tempo devem ser monitorizados para que não percam de vista os direitos dos cidadãos, entre si e particularmente daqueles que não teriam pago por eles, 3. Se impedir a promoção do Príncipe representa uma falha de sentido, controlar a sua ascensão é uma tarefa essencial, 4. A democracia precisa de líderes, homens e mulheres, que saibam “colocar a mão nas engrenagens da história”, mas deve também garantir que o fazem. assim, melhorar o seu funcionamento, e não destruí-los e 5. Cada sistema de governo deve encontrar a modalidade que permita aos Príncipes e aos seus Executivos governar, e garantir que o façam como “Príncipes e Executivos democráticos”.

Aceitando que as afirmações apresentadas não deixam de causar angústia, convidando o ser humano “a entrar em contato com o “além”, isto é, com o mundo espiritual, é preciso destacar que uma maioria decisiva na busca pela satisfação de suas preocupações em relação ao mundo, a sua criação, desenvolvimento e “suposta destruição” (é por isso que alguns de nós rezamos para que isso não aconteça), geralmente se refere à “gênese”, ou seja, à “série encadeada de eventos e causas que levam a um resultado”, inserindo-se desta forma, como que sem querer, nos textos bíblicos, que, como se sabe, dão conta da criação do universo e das primeiras etapas da sua existência. Quem investiga deve necessariamente localizar-se no “Velho” e no “Novo Testamento”, o primeiro com 45 livros e o outro que abrange outros 27, mais da metade. A convicção majoritária é que Deus criou um universo perfeito e que estamos determinados a destruí-lo, deixando até mesmo de lado a máxima popular “O Senhor irá puni-lo”. E mesmo esquecendo tragédias como Sodoma e Gomorra, sobre as quais se lê que ambas as cidades foram devastadas pela fúria divina, em consequência de décadas pecaminosas. Diante da situação atual, como podemos observar um Deus mais benigno, visto que existem muitos comportamentos que visam prejudicar a humanidade não sancionados pelo “Todo-Poderoso”.

Na América Latina, apesar da sua modernização e das “ondas democráticas” que a beneficiaram, não estamos isentos de crises, pelo contrário, parece que nos habituámos a conviver com elas; Em relação à Venezuela, nosso país, seria pecaminoso afirmar que não convivemos num cenário crítico. Dentro de dias, como sabemos, as eleições presidenciais serão realizadas diante de sérias manifestações críticas à forma de governar. É necessário orar à Divina Providência, porque as orientações bíblicas serão sempre melhores que “as partituras da Arte da Estratégia” de Ralph D. Sawyer. Preferível, também, do que “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu. E também, mais saudável que o catálogo “On War”, do general alemão Von Clausewitz. O prestigiado sociólogo britânico Colin Crouch destaca isto quando escreve: “Devemos perguntar-nos se, na ausência de uma escalada massiva de actos desestabilizadores como os hoje defendidos, seremos capazes de: 1. Contrariar os planos lucrativos da economia globalizada. capital, 2. Acabar com a degradação do emprego, 3. Reduzir os níveis de poluição, 4. Evitar o desperdício na utilização dos recursos naturais e 5. Acabar com o fosso crescente entre ricos e pobres. O académico conclui reafirmando que “todas estas questões constituem os maiores desafios para a saúde da democracia contemporânea.

Confiar-nos a Deus é uma obrigação. Pela Pátria e por nós que a compomos. Bem, é verdade que estamos em crise e já há algum tempo. E Caracas está isenta da afirmação. Lutar de mãos dadas com o Todo-Poderoso é um dever inevitável.

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@LuisBGuerra


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