Por: Beatrice E. Rangel - 18/02/2025
Em 9 de fevereiro deste ano, o Equador foi vítima de uma forte polarização entre os seguidores do ex-presidente Rafael Corea e seus oponentes que carecem de um verdadeiro líder. Esses resultados adiaram a eleição presidencial para um segundo turno, que ocorrerá em 13 de abril. Mas a verdade é que esta data será um ponto de inflexão na história do Equador, porque a decisão do soberano determinará se o milagre peruano da dissociação entre economia e política se consolidará no Equador ou se os avanços alcançados até agora serão revertidos.
O Equador é uma das poucas nações que pode se orgulhar de ter reduzido a pobreza nos últimos cinquenta anos. Este milagre foi alcançado por dois motivos. O espírito repressivo e controlador das ditaduras militares levou-as a esvaziar o país de vias de comunicação. O país inteiro é atravessado por estradas pavimentadas e rodovias. Isso permitiu que vínculos significativos fossem estabelecidos com a economia global. Em segundo lugar está a dolarização da economia. Esta medida adotada pelo presidente Jamil Mahuad trouxe estabilidade econômica ao país e abertura econômica aos seus trabalhadores.
O crescimento econômico, impulsionado por exportações diversificadas que vão de óleo a flores, brócolis, camarão e frutas vermelhas, levou centenas de milhares de famílias que antes conheciam apenas a pobreza ao desenvolvimento. Hoje, é possível ver com surpresa a presença de residências unifamiliares onde novos pisos foram acrescentados utilizando materiais de construção modernos. Bairros de baixa renda têm estradas e seus moradores possuem veículos. O Índice de Desenvolvimento Humano passou dos níveis mais baixos para o centro em apenas vinte e cinco anos. Em resumo, o Equador está agora no caminho certo para alcançar o desenvolvimento nos próximos vinte e cinco anos.
A decisão que você tomar em 13 de abril poderá preservar ou interromper as conquistas alcançadas até agora. Porque, embora seja verdade que a opção Noboa deixa muito a desejar, a opção Gonzalez é um passaporte seguro para o passado de pobreza e exclusão do país. De fato, a Sra. Gonzalez representa o movimento para restaurar a liderança de Rafael Correa, que governou durante o mais fabuloso boom do petróleo na história dessa commodity. No entanto, sua administração acabou com as economias do país depositadas em vários fundos de pensão e o deixou endividado por várias décadas. Se a dolarização decretada por Mahuad não tivesse ocorrido, o Equador certamente teria sofrido um calote que paralisaria sua economia. Em segundo lugar — e isso é de fundamental importância para o resto da América do Sul — um governo Gonzalez fortaleceria a aliança entre os narcoestados sul-americanos, como Bolívia, Colômbia, Venezuela e Nicarágua. Isso, além de aumentar a violência já dramática, atrairia a imposição de restrições preventivas ao acesso do Equador ao sistema financeiro internacional. Em termos de violência, basta lembrar como em 2022 as forças pró-Correa receberam apoio logístico e material do regime venezuelano para incendiar o país com uma violência que causou o maior declínio econômico da última década. TY, é claro, o estado de direito entraria em colapso se as leis e as agências de execução fossem usadas como armas de perseguição contra qualquer um que pensasse diferente de Correa. Tudo isso se traduziria em um freio colossal ao progresso que o país teve há mais de trinta anos.
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