Embora não tenha mar, a Bolívia sofre um tsunami

Hugo Marcelo Balderrama

Por: Hugo Marcelo Balderrama - 19/03/2023

Colunista convidado.
Compartilhar:    Share in whatsapp

A Fitch Ratings rebaixou os ratings de inadimplência de emissor (IDRs) de longo prazo em moeda local e estrangeira da Bolívia para (B-) de (B) e revisou a perspectiva do rating para Negativa de Estável. Algumas das variáveis ​​que a Fitch Ratings levou em conta são: aumento da pressão externa, reservas esgotadas, perspectiva macroeconômica nebulosa, grande desequilíbrio fiscal, pagamentos de títulos baixos, riscos políticos. Simplificando, os mercados internacionais desconfiam de nossa capacidade de pagamento. Da mesma forma, eles estão preocupados com a instabilidade política, econômica e social do país.

Porém, o problema econômico, por mais importante que seja, não é o maior, muito menos o único. De fato, a crise econômica é um sintoma do fracasso do Estado Plurinacional.

No final de 2016, em Genebra, a Associação Internacional de Ciências Policiais e o Instituto de Economia e Paz apresentaram um relatório intitulado: Índice Internacional de Polícia e Segurança. O objetivo do trabalho foi medir a eficiência das forças policiais e o resultado em termos de segurança cidadã.

A Bolívia ocupou, como em muitos outros indicadores internacionais, uma das últimas posições (114 de 127), embora para consolo dos tolos podemos dizer que a Venezuela é pior do que nós (119).

Da mesma forma, a investigação indicou que as nações com instituições democráticas em pleno funcionamento são aquelas com melhores condições de segurança para seus cidadãos. Em suma, há vários anos as organizações internacionais questionam a história da "vibrante" democracia boliviana.

Por sua vez, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em seu relatório sobre o Desenvolvimento Humano 2021-2022, coloca a Bolívia em 118º lugar entre 191 países. Novamente, no nível sul-americano, o país está apenas acima da Venezuela. Daria a impressão de que as duas ditaduras competem para ver quem faz as coisas pior.

O Índice de Percepção da Corrupção (CPI) 2022, publicado em janeiro de 2023 pela Transparency International, classifica a Bolívia em 126º lugar entre 180 países, com uma pontuação de 31 em 100.

Em geral, a Transparência Internacional alertou que existe uma ligação evidente entre violência e corrupção, já que os países que têm as pontuações mais baixas no índice de paz também têm pontuações muito baixas no índice de corrupção. Portanto, a violência sofrida por homens, mulheres e crianças na Bolívia não tem nada a ver com o patriarcado, como gritam as feministas, mas com a falta de instituições, do estado de direito e da segurança.

Além disso, o grupo insightcrime, especialistas em narcotráfico e crime organizado, em um trabalho intitulado: A natureza do crime organizado boliviano, classificou a Bolívia como o epicentro regional do narcotráfico. Literalmente, ele cita o seguinte:

Na Bolívia, com base peruana, os colombianos conseguem produzir um quilo de cocaína de alta qualidade por menos de US$ 2 mil. Esse mesmo quilo em São Paulo ou Buenos Aires chega a valer até US$ 8 mil. Assim, os colombianos podem ganhar mais de US$ 5.000 por quilo, mas com risco mínimo de interdição e quase nenhum risco de extradição; simplesmente transportando remessas de drogas através da fronteira boliviana para o Brasil ou Argentina.

Assim, enquanto Luis Arce Catacora e seu grupo de torcedores gastam dinheiro do Estado tentando convencer a nós, bolivianos, sobre a "solidez", "estabilidade" e "blindagem" da economia nacional, as agências de classificação de risco, os mercados internacionais e o bom senso os lembram que A Bolívia não é um oásis econômico, mas apenas uma narcoditadura.


As opiniões aqui publicadas são de inteira responsabilidade de seus autores.