Eles ainda estão surpresos?

Hugo Marcelo Balderrama

Por: Hugo Marcelo Balderrama - 28/05/2023

Colunista convidado.
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No coba boliviano (língua do submundo no meu país), autero é a palavra que descreve o ladrão especializado em roubar carros. Assim, tornou-se popular a piada sobre a confusão sofrida por Luis Arce Catacora entre um governo austero e um governo de auteros, pois já é vergonhoso que vários carros roubados no Chile estejam nas mãos de autoridades bolivianas, inclusive do próprio presidente.

É verdade que é uma aberração um presidente dirigir e doar carros de luxo roubados no Chile, ou que o alto executivo da Alfândega Nacional culpe os chilenos por "se deixarem roubar" os carros, mas não é o único crime cometido pela ditadura boliviana.

Em 2016, na Sessão Especial da Assembleia das Nações Unidas sobre Drogas, Evo Morales abriu a posição dos membros do Foro de São Paulo sobre o narcotráfico, suas palavras foram: "Os Estados Unidos usam o combate ao narcotráfico como mecanismo de controle político, um pretexto para o imperialismo.

A incontinência verbal do cocalero deixou algo claro: A estratégia anti-imperialista dos governos socialistas do século XXI tem um fundamento ideológico para defender o narcotráfico e responde à necessidade política de legitimar esse crime. Objetivamente, o que Evo chamou de “nacionalização” do combate às drogas é, na verdade, um pretexto para legalizar o narcotráfico. Por exemplo, com Morales no governo da Bolívia, os cultivos ilegais de coca aumentaram de 3.000 para mais de 40.000 hectares. Outros dados nos mostram que vários policiais bolivianos de alto escalão, incluindo o general René Sanabria, foram parte importante de cartéis de drogas.

Da mesma forma, o chefe da coca tem usado dinheiro do narcotráfico para gerar conflitos sociais na província peruana de Puno, ações que o renderam a ser investigado pela justiça daquele país. Sobre a constante intromissão de Evo na gestão falida de Castillo, Pedro Yaranga, especialista em segurança e combate ao narcotráfico, em entrevista ao jornal www.gestion.pe (março de 2021), afirmou o seguinte:

Morales fala muito sobre suas políticas bem-sucedidas no combate ao narcotráfico ao expulsar as bases americanas e a DEA, mas quando assumiu a presidência da Bolívia em 2006 havia 12.000 hectares de coca em seu país e quando deixou o poder em 2019, eram mais de 30.000 hectares. Os aviões que levam a droga para fora do Peru vêm da Bolívia, que se tornou o depósito da cocaína peruana para que ela chegue à Europa e à Ásia pelo Brasil.

Por sua vez, Carlos Sánchez Berzaín, jurista boliviano e um dos milhares de perseguidos políticos, em um artigo intitulado: Socialismo do século XXI e narcotráfico na ONU, afirmou:

Os fatos mostram que quem expulsou ou forçou a retirada da DEA e quem também expulsou os embaixadores dos Estados Unidos são Chávez-Maduro na Venezuela e Correa no Equador, não apenas Evo Morales; Foi Correa no Equador quem fechou e expulsou os EUA da Base Manta; Foi Correa quem destacou a proteção que concedeu às FARC, com o bombardeio colombiano de Angostura; É da Venezuela e de Cuba onde as mesmas FARC, reconhecidas como guerrilhas ligadas ao narcotráfico, receberam proteção logística e política, até chegarem a uma mesa de negociações em Cuba; É pública e evidente a atuação das FARC em atos de violência como os de outubro de 2003 na Bolívia contra governos democráticos que dão apoio terrorista aos atuais governantes.

Que a Bolívia se tornou um foco de desestabilização regional é inegável, pois a realidade objetiva nos mostra que a ditadura boliviana é o trampolim geoestratégico para exportar o crime organizado para os países vizinhos Chile, Peru e Paraguai, os únicos que, junto com um sangrento Equador, ainda estão livres das garras do castrochavismo.

É ingênuo quem ainda acredita que o Movimento ao Socialismo (MAS) se desviou de seus "verdadeiros" fundamentos ideológicos. Está muito bem documentado em vários livros, por exemplo, O Impostor, de autoria de Nicolas Márquez, que o Foro de São Paulo reuniu todos os bandidos de esquerda, terroristas, milicianos e pistoleiros que, principalmente após o colapso soviético, haviam sido deixado sem recursos ou fala. Logicamente, o fato de todos os exemplares do golfe boliviano coexistirem no MAS nada mais é do que prova de sua natureza criminosa, pois como diria o grande Friedrich Hayek: «Só os inescrupulosos são atraídos pelas ideias e regimes totalitários».


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