Por: Francisco Santos - 20/06/2025
A Colômbia vive um momento crítico na sobrevivência de sua democracia. Seu suposto presidente (que, aos poucos, se tornou um ditador) acusa de sedição qualquer um que se oponha a ele, mesmo que obedeça à lei. Portanto, os três casos claros de desinformação ocorridos no país nos últimos 10 dias não são coincidência. Ditadores e ditaduras, com o apoio de potências estrangeiras, especialmente a Rússia, um país especialista em desinformação, usam as mídias sociais, o ciberespaço e a inteligência artificial para criar narrativas, destruir oponentes e alcançar seus objetivos políticos.
Muitos casos. Por exemplo, as eleições na Eslováquia em outubro de 2023 colocaram dois candidatos um contra o outro: um, Robert Figo, era um nacionalista, abertamente pró-Rússia e se opunha a sanções ao país; o outro, Michal Simecka, era um candidato pró-europeu que estava liderando e parecia ser o vencedor, embora por uma margem estreita. Dois dias antes das eleições, durante o período de bloqueio eleitoral, quando os meios de comunicação tradicionais não podem discutir política ou candidatos, uma gravação de áudio manipulada por inteligência artificial veio à tona. A conversa falsa foi entre Simecka e um jornalista, na qual eles discutiram como fraudar eleições e comprar votos. A gravação de áudio se espalhou viralmente nas mídias sociais, e a campanha de Simecka não conseguiu distorcê-la. O resultado: Simecka perdeu a liderança e Figo venceu as eleições. A grande vencedora, sem dúvida, foi a Rússia.
Mais dois exemplos. Na Romênia, o Tribunal Constitucional anulou os resultados do primeiro turno das eleições presidenciais dois dias antes do segundo turno, em 6 de dezembro de 2024. O motivo? Um candidato de extrema direita pró-Rússia, Calin Georgescu, venceu inesperadamente, com a ajuda de campanhas massivas de hacking e desinformação originadas na Rússia. A inteligência romena conseguiu decifrar essa operação, entregou-a ao presidente — sim, aquele com P maiúsculo — que a tornou pública, e o Tribunal agiu.
Nas últimas eleições colombianas, dezenas de bilhões de pesos foram usados no primeiro turno para prejudicar um candidato, Fico Gutiérrez, impedindo-o de chegar ao segundo turno. Depois, no segundo turno, outro valor semelhante foi usado para desacreditar o rival de Gustavo Petro. Esses recursos, como me contou um especialista no assunto que acompanhou os procedimentos, mas me pediu para não comentar, vieram do exterior, especialmente da Rússia.
Três casos de desinformação na Colômbia, que estão interligados porque apontam todos na mesma direção. Primeiro, as vinícolas, financiadas pela Venezuela — ou por outros países, não sabemos — e que apoiam Maduro e Petro, começaram a criar massivamente a narrativa de um ataque orquestrado de Miami por um assessor político venezuelano para prejudicar o ditador colombiano. Isso é surpreendente? Não. De fato, o único que respondeu vigorosamente às alegações de possível apoio venezuelano a esse ataque foi Diosdado Cabello, atualmente acusado do assassinato de um tenente venezuelano que buscava asilo no Chile.
O segundo caso diz respeito a supostas gravações de áudio, muito semelhantes às da Eslováquia, onde o general Óscar Naranjo, ex-chefe de polícia e ex-vice-presidente de Santos, fez supostas revelações com um beneficiário, Petro, e seus capangas. Essas "revelações", que são um deepfake criado com inteligência artificial, reforçaram a narrativa da esquerda radical. Cerca de 29 gravações de áudio foram publicadas no YouTube, o que provocou uma reação significativa em certos setores políticos na Colômbia. A verdade é que a única coisa que faltava, como o próprio general aposentado me disse no domingo passado, eram as gravações de áudio que o acusassem de atirar em Miguel Uribe.
Estavam testando o terreno para o que viria. A agenda da esquerda é o caos, e o que farão este ano para defender o ditador não terá limites. As gravações falsas de áudio de Naranjo são o começo, que já teve um desenvolvimento ainda mais perverso com a declaração falsa, supostamente da Fundação Santa Fé, anunciando a morte de Miguel Uribe. O que queriam com essa desinformação? Não tenho dúvidas de que era testar a reação dos opositores de Petro em caso de morte, neste caso, a do senador. Isso mostra que outros assassinatos estão por vir e que estão testando o terreno com a opinião pública. Querem testar até que ponto a sociedade democrática responderá à violência que vão exercer.
A ideia é que Petro se mantenha no poder e, com o caos das reações à violência, possa suspender as eleições. A massiva "Marcha do Silêncio" do último domingo mostrou o que podemos fazer e como fazer: sem ônibus, sem almoço, sem pagamentos e sem violência. Certamente, a resistência civil e democrática que deve começar a ser exercida contra o ditador não pode cair nas provocações que os violentos querem usar para beneficiar a agenda autoritária de Petro.
Sim, o não pagamento de impostos ou uma greve nacional são duas ações que devem estar prontas para o momento em que o ditador colombiano mostrar sua cartada final, que é a suspensão das eleições. Além disso, o não pagamento de impostos pode ser implementado gradualmente, em resposta às ações do ditador.
Não sejamos ingênuos. Isso é orquestrado, e eles querem criar o caos que facilitará a suspensão das eleições. No entanto, a última e grande medida de resistência civil deve vir quando ele tornar pública a decisão, que já tomou em sua cabeça insana, de ficar. Então, convocaremos essas centenas de milhares de colombianos a tomarem pacificamente o Palácio de Nariño para removê-lo do poder. A vice-presidente deve terminar seu mandato presidencial.
Os líderes violentos e ditatoriais do continente e do exterior têm uma agenda que — surpresa! — tem um beneficiário: o ditador da Colômbia. Não nos deixemos provocar. Eles estão nos testando. Uma resistência civil democrática e pacífica que mostre o que somos, para que, quando chegar a nossa vez de remover o ditador do poder, o mundo saiba o motivo: defender a liberdade e a democracia da Colômbia.
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