Por: Hugo Marcelo Balderrama - 08/09/2025
Colunista convidado.A Bíblia é uma fonte inesgotável de sabedoria, não apenas em questões religiosas, mas também em todas as esferas da vida humana. Por exemplo, o capítulo 9 do Livro dos Juízes começa contando a história de Abimeleque, um líder que se rebelou contra o governo dos juízes. Ele argumentava que ser governado por um homem era melhor do que um grupo de sábios. Este é o típico messianismo personalista comum a todos os ditadores e tiranos do mundo. Mais tarde, Abimeleque buscou apoio com o discurso étnico: "Eu sou da tua carne". Por fim, ele usou o dinheiro do templo para conspirar contra a ordem estabelecida; obviamente, a participação do lumpen social (homens inescrupulosos e preguiçosos) não poderia estar ausente.
O capítulo termina com a parábola do arbusto espinhoso: uma grande lição de Ciência Política que explica as consequências dos melhores homens da sociedade ignorarem a política.
É exatamente isso que está acontecendo na minha Bolívia natal, onde cidadãos comuns estão preocupados com uma potencial vitória da dupla Rodrigo Paz e Edman Lara. Principalmente porque Lara demonstrou ser uma pessoa com pouca maturidade emocional, zero controle da raiva e nenhuma cultura. Surge então uma pergunta: como é possível que alguém com essas características esteja a um passo de ocupar o segundo cargo mais alto do país?
A resposta é muito simples: a culpa é deles. Sim. A culpa é deles. É quase uma regra na Bolívia que as famílias impeçam seus filhos de falar sobre política ou mesmo de aprender sobre ela. É muito comum que crianças ouçam coisas como: "Não discutimos política na minha casa"; "Não se envolva nesses assuntos, são sujos"; e, pior de tudo, "Eu não vivo da política".
É verdade que muitos, a grande maioria, não vivem da política; no entanto, a política tem o poder de viver de nós. Daí a necessidade urgente de compreendê-la, estudá-la, compreendê-la e discuti-la em casa.
Em 1922, William Fielding Ogburn, um sociólogo americano, explicou que toda crise política tem suas origens em um campo anterior, na família.
A família tem funções econômicas, religiosas, educacionais, protetoras e políticas. A família é a transmissora da tradição por excelência, pois é nela que nossos instintos são domesticados por meio da cultura. Por isso, Hayek sempre se referiu à cultura como aquele espaço que se situa entre o instintivo e o racional. É dentro da família que lições valiosas de vida, incluindo as jurídicas, são aprendidas, já que todos nós fomos ensinados por nossas mães a não tocar na propriedade alheia. É graças à família que a sociedade se aprimora e prospera. É dentro da família que se formam os cidadãos e os valores que tornarão esse progresso possível.
Quando a família negligencia suas funções educacionais, como está acontecendo agora, os cidadãos se veem órfãos. Portanto, esse espaço será ocupado por burocratas e professores. A educação é sacrificada no altar da doutrinação.
Em suma: a qualidade de um líder se constrói no seio da família. É nela que as crianças devem aprender que desempenhar as tarefas de governo é um serviço e uma missão voltada para o bem comum e, até mesmo, para nós, homens de fé, um caminho de apostolado e santidade. Queremos governos melhores? Pois bem, tenhamos famílias mais unidas e alertas.
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