Carlos Alberto, incansável lutador pela liberdade

Pedro Corzo

Por: Pedro Corzo - 28/05/2023

Colunista convidado.
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A primeira vez que soube de Carlos Alberto Montaner foi graças a um artigo seu intitulado "Henry Kissinger em Havana", obra de que gostei muito e determinou meu futuro interesse por um compatriota que, quando ninguém ouvia e menos ainda queria ver, assumiu o compromisso de atacar o Castrismo, sem considerar os prejuízos que tal decisão poderia acarretar.

O recorte me foi enviado em Cuba em meados dos anos 1970 ou final dos anos 1970 pelo ex-preso político Héctor Caraballo, que conseguiu escapar de Cuba em uma jangada. Héctor, radicado em Porto Rico, estabeleceu uma relação com Montaner pelo interesse que ambos tinham por Cuba.

Não percamos de vista que foram décadas em que raras vozes bradaram no deserto do anticastrismo. Não poucos, inclusive governos, subestimaram o ditador cubano que montou vertiginosamente um gigantesco aparato com a ajuda da ex-União Soviética para subjugar toda a América.

Montaner está entre os pioneiros que enfrentaram o nascente totalitarismo em Cuba e no exterior, um mérito honroso que poucos podem mostrar. Sua gestão foi tão bem-sucedida que, em poucos anos, tornou-se referência para conhecer a realidade da Ilha que os Castro e seus capangas haviam tomado.

Por outro lado, Carlos Alberto é um dos primeiros a denunciar o perigo que o castrismo representava para todo o continente. Suas obras nesse sentido foram muitas e, tenho certeza, estiveram entre as mais lidas por políticos e intelectuais do hemisfério, inclusive dos Estados Unidos, o que muito contribuiu para a missão de combater a subversão totalitária, espaço muito difícil de preencher devido ao vácuo que deixa sua carta de despedida.

É verdade que já comentei em mais de uma ocasião que um dos ditados do escritor José Antonio Albertini é "a tinta também mata", mas há escritores como Montaner e o próprio Albertini, que com a tinta que usam salvaram e protegeram aqueles que precisam de ajuda.

Nunca devemos esquecer aqueles que, com o seu talento e dedicação, defenderam a liberdade, assim como outros, com muita coragem, que combateram a subversão fidelista de armas nas mãos em diversas partes do mundo, como Félix Rodríguez e Rigoberto Acosta, entre outros, assim como os Makasis, cubanos que lutaram na África, tanto em terra, como no ar e até no lendário Lago Tanganyika, os exércitos Guevarist e Víctor Dreke.

Os muitos patriotas que definharam nas prisões de Cuba, México, Estados Unidos e Venezuela também não devem ser esquecidos por enfrentarem o totalitarismo insular à sua maneira e com base em suas convicções.

O castrismo nunca deixou de reprimir e os cubanos dignos também não pediram clemência, entre eles Carlos Alberto, que através da mídia, de seu ativismo político e de suas aparições internacionais, não parou de atacar a ditadura que ofuscou sua Pátria, transformando-a, em uma das inimigos mais odiados do Castrismo.

Não faltaram patriotas para guerrear contra o totalitarismo em todas as suas formas, com ou sem o consentimento dos Estados Unidos. Também não faltaram compatriotas que, como Montaner, José Ignacio Rasco, Juan Clark, Eduardo García Moure e Humberto Medrano, só para citar alguns, colocaram seu talento na tarefa de divulgar a verdade sobre Cuba, conseguindo, modestamente, aquela cegueira voluntária daria lugar a alguma luz.

Nem todos nós vamos concordar com o trabalho que Montaner realizou ao longo de sua gestão como intelectual, mas reconhecemos que seu trabalho foi exemplar. Enquanto os Castros afundaram Cuba como Nação e República, o trabalho de sua vida contribuiu profundamente para demonstrar a catástrofe que estava ocorrendo em nosso país.

Carlos Alberto Montaner foi, a meu ver, um dos mais produtivos promotores da democracia em Cuba e no resto do continente. O seu indiscutível talento para o debate e a sua capacidade de comunicar ideias fizeram dele um gigante de cujo trabalho nos devemos orgulhar. Ele é um Grande e como tal merece o nosso respeito e um lugar de destaque no nosso presente e na Memória Nacional.


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