Bolívia, uma ameaça criminosa para a América

Hugo Marcelo Balderrama

Por: Hugo Marcelo Balderrama - 21/07/2025

Colunista convidado.
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O tráfico de drogas, o tráfico de pessoas e outros crimes podem existir para propósitos maiores do que encher os bolsos dos criminosos. Isso é verdade quando analisamos como Evo Morales usou o tráfico ilegal de cocaína para aterrorizar a Bolívia a partir do final da década de 1980, embora com maior força durante os primeiros anos do século XXI. Sem mencionar o crescimento do crime organizado durante seus quase quinze anos no cargo.

No entanto, o cocaleiro era apenas um peão dentro de uma estrutura criminosa maior: o Foro de São Paulo. Lembremos que a subserviência quase religiosa de Evo Morales a Fidel Castro e Hugo Chávez era, na realidade, parte de suas redes de narcotráfico. Essas associações irregulares facilitavam o uso de postos de controle de fronteira, repartições públicas e outros recursos públicos para o transporte secreto de narcóticos ilícitos. De fato, Chávez transformou a Venezuela em uma superestrada da cocaína, uma megaestrutura onde policiais uniformizados corruptos, juízes imorais e traficantes de drogas usam as estruturas estatais venezuelanas para traficar drogas para os Estados Unidos.

Mas a Bolívia tem uma vantagem adicional sobre a Venezuela: está localizada no centro da América do Sul. Essa característica foi bem analisada pelo Irã, um dos parceiros transnacionais das ditaduras do socialismo do século XXI. A esse respeito, Sergio Berensztein, especialista em segurança e crime organizado, destaca em seu artigo "A crise boliviana se aprofunda e representa uma ameaça à segurança regional":

As relações com o Hezbollah se fortaleceram recentemente (o mesmo ocorre no Brasil e na Colômbia), que desempenha um papel vital na logística, especialmente no transporte de base de cocaína para a hidrovia, geralmente realizado por aeronaves de pequeno porte. Além disso, foi detectada a presença da Força Quds de elite da Guarda Revolucionária Iraniana (segundo fontes de inteligência, entre 120 e 150 membros dessa força foram identificados entre a Venezuela e a Bolívia). O governo argentino, em particular o Ministério da Segurança, está ciente da situação e alertou as autoridades bolivianas sobre sua decisão de impedir rigorosamente qualquer incursão em território nacional.

Da mesma forma, em junho de 2025, o Grupo de Ação Financeira (GAFI) incluiu a Bolívia em sua lista cinza de países que não estão fazendo o suficiente para combater o crime.

O crescimento da economia informal, de 50% para 85%, durante as duas décadas em que o Movimento ao Socialismo esteve no poder, não pode ser ignorado. A estratégia segue a seguinte metodologia:

1) O sistema tributário torna impossível operar na economia formal.

2) Os empreendedores, sobrecarregados por impostos, multas e violações, estão se refugiando no setor informal.

3) A crescente informalidade é o cenário perfeito para esconder e lavar dinheiro do crime organizado por meio, por exemplo, de empréstimos pontuais oferecidos por credores colombianos.

Além disso, os sistemas judiciário e prisional bolivianos estão entre os mais corruptos do mundo. É sabido que os criminosos mais perigosos podem continuar a operar com total impunidade, mesmo estando presos.

Esse coquetel de corrupção, pobreza, informalidade, castro-chavismo e radicalismo islâmico transformou a Bolívia em uma ameaça muito perigosa para toda a região. Isso é algo que os parceiros transnacionais da ditadura boliviana não estão dispostos a perder, daí a perigosa possibilidade de a esquerda se unir em torno de Andrónico Rodríguez, um líder nascido e criado no coração criminoso do Chapare, em Cochabamba.


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