Por: Luis Gonzales Posada - 04/07/2025
Christopher Landau, vice-secretário de Estado dos EUA, declarou na 55ª Assembleia Geral da OEA em Antígua e Barbuda que Washington está considerando deixar a organização hemisférica devido à "sua incapacidade de abordar questões substantivas, como as crises na Venezuela e no Haiti".
As declarações do diplomata americano têm fundamentos políticos e morais, considerando que a OEA não convocou uma única reunião para examinar a situação do povo Llanero, vítima de uma ditadura brutal e corrupta que assassina, aprisiona, sequestra e tortura milhares de pessoas impunemente e forçou mais de oito milhões de pessoas ao exílio.
Além disso, o chavismo perdeu por ampla margem as eleições presidenciais de 2024, mas permanecerá no poder por mais seis anos, até 2030, apoiado pelas Forças Armadas, pelos "coletivos chavistas" formados por grupos armados de mercenários e pelo temido Serviço Bolivariano de Inteligência.
Após a eleição presidencial, muitas vozes exigiram que a OEA realizasse uma reunião extraordinária para examinar essa grotesca megafraude e ouvir os líderes da oposição, incluindo o vencedor da eleição, o embaixador Edmundo González, que obteve 70% dos votos e está sobrevivendo em exílio autoimposto na Espanha, e a líder social-democrata María Corina Machado, que está escondida para evitar ser presa.
Nós nos perguntamos por que a OEA mantém um silêncio vergonhoso e cúmplice diante dessa situação gravíssima, enquanto consome um orçamento anual de mais de US$ 100 milhões e tem escritórios em todos os países da região, com centenas de funcionários?
Por que, além disso, a organização regional ignora a dramática situação do Haiti, um dos países mais pobres do mundo, devastado por desastres naturais e gangues criminosas que controlam 60% do território e são responsáveis por cerca de 20.000 assassinatos, incluindo o do Presidente da República, Jovenel Moïse, que foi morto em 2021 em sua casa por uma gangue de assassinos colombianos?
Por que a OEA não aborda os atos bárbaros da satrapia nicaraguense, formada pelo casal mefistofélico de copresidentes Daniel Ortega e Celia Murillo, que prende padres, confisca monastérios e meios de comunicação e obriga 700 mil pessoas ao exílio?
Por que a OEA não diz uma palavra sobre o fato de Cuba, Venezuela, Nicarágua e Bolívia terem assinado alianças militares com potências extracontinentais como Irã, Rússia e China, ao mesmo tempo em que apoiam abertamente os grupos terroristas Hezbollah e Hamas?
Além disso, a OEA permanece em silêncio diante do anúncio da Rússia de que instalará uma fábrica na Venezuela para produzir 70 milhões de cartuchos de munição anualmente para rifles Kalashnikov.
Concluindo, se a OEA não responder ao ukase dos EUA, que financia quase 60% do orçamento por meio de cotas regulares e contribuições extraordinárias, além de disponibilizar sua sede histórica localizada na Avenida Constitución, bem próxima à Casa Branca, a instituição poderá chegar ao fim.
Para isso, bastaria que o governo Trump cortasse ou suspendesse suas contribuições; caso contrário, a OEA iria à falência.
A única solução para evitar o fechamento de suas portas é mudar de rumo; ou seja, cumprir com a salvaguarda da democracia, da liberdade e dos direitos humanos nas nações que fazem parte do sistema regional.
Não é mais hora de manobras políticas obscuras nem de traições diplomáticas.
Certamente é preferível enterrar o que agora é um cadáver insepulto do que mantê-lo embalsamado.
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