
Por: Carlos Sánchez Berzaín - 22/12/2025
A política externa dos Estados Unidos reconhece e responde à agressão contra as democracias perpetrada pelo socialismo do século XXI, ou castro-chavismo, por meio de migração forçada, narcotráfico, terrorismo, narcoestados, crime transnacional, tráfico de pessoas, infiltração do crime na política, subversão, assassinatos e muito mais. Essa mudança geopolítica transformou a libertação dos povos da Venezuela, Cuba e Nicarágua em uma questão de segurança nacional dos EUA.
A agressão contra a segurança nacional dos Estados Unidos constitui uma “guerra híbrida”, que inclui a “negação plausível”, definida como a capacidade de negar conhecimento ou responsabilidade por qualquer ação repreensível cometida por outros, quando quem nega é o perpetrador indireto, o mentor ou o responsável pela ação. Nesse contexto, o rastreamento de todos os atos de agressão envolvendo migração forçada, narcotráfico, terrorismo e outros meios de guerra híbrida leva às ditaduras de Cuba, Venezuela, Nicarágua e seus estados satélites, com a participação de ditaduras extra-hemisféricas.
Este século, que deveria ter sido o século da “plena democracia nas Américas”, resultou na expansão da ditadura cubana, que estabeleceu seu modelo ditatorial na Venezuela com Chávez/Maduro, na Nicarágua com Ortega/Murillo, na Bolívia com Morales/Arce e no Equador com Correa. Além disso, instalou governos quase ditatoriais na Argentina com os Kirchner, no Brasil com Lula, no México com López Obrador/Sheinbaum, em Honduras com Castro, no Chile com Boric, na Colômbia com Petro e em muitos outros — regimes nos quais o discurso anti-imperialista se tornou, de fato, agressão contra os Estados Unidos e as democracias da região.
Na América Latina, durante as duas últimas décadas do século XX, o crime e o narcotráfico passaram a financiar algumas campanhas políticas e, assim, influenciar governos que foram identificados, rotulados e processados por terem ligações com o narcotráfico, como aconteceu, por exemplo, com o presidente Samper na Colômbia. Mas com a expansão da ditadura cubana, que acabou adotando o rótulo de "socialismo do século XXI", o crime e o narcotráfico suplantaram a política, estabelecendo narcoestados e cartéis que detêm o poder e usurpam a liberdade e a soberania; é o "crime usurpando o poder".
O modelo ditatorial castrista em Cuba, Venezuela, Nicarágua e Bolívia se fundamenta em uma narrativa de revolução anti-imperialista e populista, concentração absoluta de poder, terrorismo de Estado, controle indefinido do poder e impunidade garantida. Esse sistema estabeleceu suas próprias redes transnacionais de crime organizado.
O crime organizado do chamado socialismo do século XXI é transnacional porque, além de sua natureza de rede internacional, suas operações criminosas são dirigidas e perpetradas contra países democráticos, buscando sua desestabilização, a deterioração das condições democráticas e a criação de condições para sua dominação e substituição por seu sistema criminoso/ditatorial. A guerra híbrida descreve sua metodologia operacional. Os povos subjugados pelo sistema narcoterrorista do socialismo do século XXI lutaram e continuam a lutar heroicamente por sua liberdade.
Cuba alcança isso ao custo de milhares de mortes, execuções, tortura, mais de mil presos políticos atualmente e milhões de exilados que se tornaram uma espécie de diáspora. A Venezuela fez repetidas tentativas por meio de mobilizações, eleições e diálogo internacional, sacrificando vidas, suportando tortura e com mais de oito milhões de exilados. A Nicarágua sofre as mesmas condições, com mortes, presos políticos, exilados e pessoas privadas de sua nacionalidade. A Bolívia, com sua "esperança de transição", passou pelo mesmo calvário e ainda sofre com presos políticos e exilados.
O crime organizado do socialismo do século XXI transformou os países e territórios que controla em bases abertas para ditaduras extra-hemisféricas como a China, a Rússia e o Irã, bem como para organizações terroristas, com o propósito e os atos de agressão. Pratica o “terrorismo diplomático”, utilizando embaixadas, imunidades e privilégios para cometer e proteger crimes. Assassina líderes políticos locais e exilados e ataca todas as democracias das Américas sem exceção.
É nesse contexto que os Estados Unidos defendem atualmente sua segurança nacional e, para isso, defendem também a segurança das democracias das Américas, revivendo assim a Doutrina Monroe com o Corolário Trump. Nessa realidade objetiva, as democracias da região, como Argentina, Paraguai, Peru, Equador, Bolívia, Panamá, República Dominicana, Costa Rica, El Salvador, o presidente eleito do Chile e outros, aderiram à nova política externa dos EUA, identificando os grupos narcoterroristas que detêm o poder na Venezuela, em Cuba e na Nicarágua.
A luta desigual dos povos da Venezuela, Cuba e Nicarágua por sua liberdade agora conta com o respaldo do uso legítimo da força contra o narcoterrorismo que os oprime, e sua libertação faz parte da segurança nacional dos Estados Unidos e das democracias das Américas.
*Advogado e Cientista Político, Diretor do Instituto Interamericano para a Democracia
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