Por: Hugo Marcelo Balderrama - 25/05/2025
Colunista convidado.Durante a década de 1990, após a queda do bloco soviético, Cuba passou por uma crise econômica aguda conhecida como Período Especial.
O período especial foi inicialmente definido por severas restrições aos hidrocarbonetos na forma de gasolina, diesel e outros combustíveis derivados que Cuba havia obtido anteriormente por meio de suas relações econômicas com a União Soviética. Esse período transformou a sociedade cubana e sua economia, levando a ditadura a implementar reformas agrícolas urgentes, produzir um declínio no uso de automóveis e exigir reformas na indústria, na saúde e no racionamento. Obviamente, não se tratava de reformas em favor da população, mas sim de melhorias nos mecanismos ditatoriais de censura, dominação e controle. Até mesmo comer carne se tornou um ato contrarrevolucionário.
Hugo Chávez assumiu o Banco Central da Venezuela em 2007. Após sua morte em 2013, seu sucessor, Maduro, herdou taxas de inflação de 40% ao ano, após um forte aumento na década anterior. Em 2017, a má gestão monetária do regime chavista deixou a inflação em 438% ao ano.
Além disso, em 2007, foi criado o Projeto Nacional Simón Bolívar, com o objetivo de criar uma sólida arquitetura ética de valores que configurem a Nação, a República e o Estado moral-socialista. Para tanto, pretendia-se caminhar para um modelo de produção socialista, onde o Estado deteria o controle integral sobre as atividades produtivas de valor estratégico para o desenvolvimento do país, visando, entre outros objetivos, o aumento da soberania alimentar.
A combinação das duas medidas gerou altos níveis de escassez nos mercados, o que foi a desculpa perfeita para a ditadura implementar controles de preços e atacar os comerciantes. Ironicamente, quanto mais ele perseguia o comércio, mais os preços subiam. Foi nessa época que a frase de Chávez se tornou famosa: “expropriar”.
Um cenário semelhante poderia ocorrer na Bolívia?
Até o final de 2022, as primeiras filas de combustíveis já eram registradas no país. Em fevereiro de 2023, os cidadãos bolivianos não terão mais acesso aos seus dólares no sistema financeiro. Ao longo de 2024, os problemas de combustível se agravaram a ponto de obrigar moradores a dormir perto de postos de gasolina. Até agora, em 2025, as coisas pioraram. Agora as dificuldades não se limitam ao combustível, mas também incluem alimentos e medicamentos.
A resposta do governo fica entre a zombaria e a malícia, pois aprovou um aumento nos impostos de importação de veículos que não são totalmente híbridos, uma medida que visa coibir a entrada de veículos que continuam a depender de combustíveis fósseis. Ou seja, os cidadãos que já enfrentam uma inflação de dois dígitos serão obrigados a renovar seus veículos.
Mas o mais preocupante é ver como, em vez de atacar o verdadeiro culpado — o modelo econômico do MAS — a população espera, e até comemora, quando as autoridades vão aos mercados para controlar preços, punir comerciantes e confiscar alimentos. Observe algo: entre gendarmes municipais confiscando petróleo em mercados bolivianos e Hugo Chávez expropriando casas, a diferença é apenas de grau.
Acontece que toda crise econômica, sempre causada pelos chefes no poder, é a melhor desculpa para apertar os parafusos. Lembre-se, o castro-chavismo reina sobre as cinzas das nações.
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